domingo, 13 de março de 2016

A burrice dos nossos estudantes universitários de ciência é uma das maravilhas do universo. Eu estava revendo agora mesmo o vídeo no qual explico que é uma tolice a idéia popular de que tudo na ciência se descobre “por experiência”. Dei ali como exemplo a noção newtoniana de “espaço absoluto”, que é inteiramente apriorística, impossível de se obter por experiência, e da qual tudo o mais na teoria de Newton depende. Em resposta vieram várias mensagens enfezadas, num tom de superioridade infinita, todas de universitários, DEFENDENDO essa noção, como se eu a tivesse ATACADO. É analfabetismo funcional galopante.

Os comentários a esse vídeo, sozinhos e sem mais nada, já ilustram o fracasso total das nossas universidades. São dezenas de mensagens, e nenhuma — nem uma única sequer — mostra ter apreendido o ponto em discussão: a noção de espaço absoluto é apriorística ou não é?

Outro panaca disse que eu estava defendendo a teoria da terra plana.

Houve até um imbecil que alegou que a noção era confirmada pela experiência, o que é falso, mas mesmo que fosse verdadeiro seria confundir validação com origem.

Nenhum percebia sequer que nenhuma experiência poderia confirmar AO MESMO TEMPO o espaço absoluto e a relatividade einsteiniana.

Truque bem pirroliano: Os carinhas pegam um vídeo meu qualquer sobre ciência, colocam o título “Terra plana”, metem no youtube e então espalham que defendo a teoria da terra plana. O número de idiotas universitários que acreditam é incalculável.

Se depois de seis meses de aulas no COF o aluno ainda não entendeu que sem noções apriorísticas não existe ciência, ele é um caso perdido. Mas em qualquer universidade brasileira você pode chegar a um doutorado em física ou biologia sem nem saber que essa questão existe.

Uma das mais interessantes discussões científicas do século XX foi o confronto entre Einstein e o físico americano Herbert Ives, que defendia a velha noção newtoniana de tempo absoluto, compreendida como simultaneidade universal. Nunca vi um estudante universitário brasileiro que tivesse a menor noção disso. Não é preciso compreender todos os passos matemáticos da demonstração para perceber o quão sérios eram os argumentos de Ives.

O de C

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