domingo, 13 de março de 2016

Uma vez li no crítico português Adolfo Casais Monteiro que nos romances de Tolstói tudo se passava “como se a própria vida falasse”. Mutatis mutandis, meu sonho dourado de escritor foi conseguir que as minhas explicações filosóficas e análises políticas tivessem algo dessa naturalidade tolstoiana.

O problema é que, numa época em que tanta gente acredita em ideologia de gênero, aquecimento global, fumo passivo etc., o natural se tornou imperceptível para muitas pessoas. Só apreendem aquilo que está prefixado no vocabulário-padrão das ciências ou pseudociências que aprenderam.

Olavo de Carvalho É por isso que o analfabetismo funcional de um Dr. Pirrôla, por exemplo, passa por alta cultura científica aos olhos dele e do seu grupo de referência.

O analfabeto funcional, por definição, não entende que não entende. Por isso a maioria deles não tem cura. Talvez a única solução seja exilar todos na ilha de Fernando de Noronha.

Vamos falar o português claro: se fui um interlocutor e colega de Herberto Sales, Josué Montello, Paulo Mercadante, Roberto Campos, Romano Galeffi, Miguel Reale, Bruno Tolentino, Oliveiros da Silva Ferreira, Vamireh Chacon e similares, não posso sê-lo jamais do Leandro Narloch, do Sakamoto, do André Petry, do Marco Antonio Villa, da Márcia Tiburi e demais “formadores de opinião” disponíveis no mercado atual. O abismo é intransponível. Não sei nem como traduzir os meus escritos na língua deles.

Acho que eu estar fora da grande mídia é justo e saudável. É como estar fora de uma suruba de narcotraficantes na favela da Rocinha.

Afinal, para quê ler os artigos do Olavo de Carvalho, se você pode encontrar as mesmas informações nos do Merval Pereira dez anos depois?

Para escrever com naturalidade é preciso ter sentimentos naturais e um agudo senso do óbvio, sem jamais carregar as tintas no desejo de persuadir. É preciso abdicar de toda pose, o que pressupõe não ter nenhum complexo de inferioridade a compensar. É preciso falar ao público como você fala em casa. E é preciso agradecer diariamente a Deus por ter-lhe dado um eu autoconsciente.


O de C

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