Uma vez li no crítico português Adolfo Casais Monteiro que nos
romances de Tolstói tudo se passava “como se a própria vida falasse”.
Mutatis mutandis, meu sonho dourado de escritor foi conseguir que as
minhas explicações filosóficas e análises políticas tivessem algo dessa
naturalidade tolstoiana.
O problema é que, numa época em que tanta gente acredita em ideologia
de gênero, aquecimento global, fumo passivo etc., o natural se tornou
imperceptível para muitas pessoas. Só apreendem aquilo que está
prefixado no vocabulário-padrão das ciências ou pseudociências que
aprenderam.
Olavo de Carvalho É
por isso que o analfabetismo funcional de um Dr. Pirrôla, por exemplo,
passa por alta cultura científica aos olhos dele e do seu grupo de
referência.
O analfabeto funcional, por definição, não entende que não entende.
Por isso a maioria deles não tem cura. Talvez a única solução seja
exilar todos na ilha de Fernando de Noronha.
Vamos falar o português claro: se fui um interlocutor e colega de
Herberto Sales, Josué Montello, Paulo Mercadante, Roberto Campos, Romano
Galeffi, Miguel Reale, Bruno Tolentino, Oliveiros da Silva Ferreira,
Vamireh Chacon e similares, não posso sê-lo jamais do Leandro Narloch,
do Sakamoto, do André Petry, do Marco Antonio Villa, da Márcia Tiburi e
demais “formadores de opinião” disponíveis no mercado atual. O abismo é
intransponível. Não sei nem como traduzir os meus escritos na língua
deles.
Acho que eu estar fora da grande mídia é justo e saudável. É como
estar fora de uma suruba de narcotraficantes na favela da Rocinha.
Afinal, para quê ler os artigos do Olavo de Carvalho, se você pode
encontrar as mesmas informações nos do Merval Pereira dez anos depois?
Para escrever com naturalidade é preciso ter sentimentos naturais e
um agudo senso do óbvio, sem jamais carregar as tintas no desejo de
persuadir. É preciso abdicar de toda pose, o que pressupõe não ter
nenhum complexo de inferioridade a compensar. É preciso falar ao público
como você fala em casa. E é preciso agradecer diariamente a Deus por
ter-lhe dado um eu autoconsciente.
O de C
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