segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sempre achei que só gente muito inferior, mentalmente, formasse uma imagem das pessoas pela raça em primeiro lugar, e só bisbilhoteiros a formassem pelos hábitos sexuais delas. Gente normal passava por cima desses dois detalhes, por demasiado óbvio o primeiro, particular e íntimo o segundo, e dirigia seu olhar a qualidades psíquicas, sociais e intelectuais mais interessantes e indivdualizadoras. Mas agora são as pessoas mesmas que fazem da sua raça ou dos seus costumes sexuais uma espécie de identidade, e os exibem desde o primeiro contato como cartões de visita, expulsando suas qualidades mais individualizadoras para um segundo-plano discreto ou mesmo desprezível. O politicamente correto rebaixou as relações humanas ao nível de uma impessoalidade coletiva quase animal.

Quando eu era criança, minha casa vivia cheia de gente preta, porque uma das minhas tias era comadre do Adhemar Ferreira da Silva, o campeão brasileiro de salto triplo. Anos mais tarde, quando pela primeira vez alguém me sugeriu que as pessoas deveriam escolher suas companhias predominantemente pela raça, a idéia me pareceu tão esquisita que nem mesmo a entendi direito. Hoje em dia essa idéia só parece natural porque as pessoas já não sabem o que quer dizer "natural".

O de C

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