No passado, era muito mais difícil uma pessoa não-qualificada ter
acesso às produções de uma qualificada. O fim dessa era provavelmente
veio com a imprensa. No século XVII, Descartes escreveu as Meditações em
latim para evitar ser lido por gente deseducada -- ler em latim não tem
nada de místico, mas na época era sinal de que você tinha passado por
um curso mínimo de artes liberais. Hoje, já inventamos os analfabetos
funcionais que lêem em latim, em grego, em sânscrito: são as maravilhas
do mundo moderno. De quebra, criamos as redes sociais, que dão a esses
mesmos analfabetos a sensação de uma ilusória "igualdade de direitos" na
discussão intelectual. Basta existir para ter o direito de pôr o
dedinho em riste e cobrar "refutações" dos seus "argumentos". Eis a
definição do Facebook.
RFalcon
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