domingo, 3 de julho de 2016

corrupção da linguagem atinge o STF no caso Bolsonaro - origens do fenômeno - O de C

29 de junho às 08:08

Recordar é viver:
Em 1999, a corrupção da linguagem já avançava com passo triunfante para dominar todo o panorama dos debates públicos neste país. Apenas, seus efeitos então apareciam mais na esfera intelectual, universitária e jornalística do que na jurídica, onde o "direito colhido na rua" (ou na privada) ainda era apenas uma escola de pensamento em particular, muito chinfrim aliás, e não o critério geral e supremo de julgamento nas cabeças de juízes e promotores. Foi preciso transcorrer mais uma década e meia para que o vício da "elipse enganosa", como então o denominei, viesse a se tornar o estilo predominante dos arrazoados advocatícios e sentenças judiciais, infectando até mesmo o STF.
Sem esse fenômeno lingüístico de um grotesco sem par, as acusações de "apologia do estupro" e "apologia da tortura" voltadas contra o deputado Jair Bolsonaro não teriam passado de insultos pueris ditados por uma emoção de momento, sem chegar a ser levadas a sério por qualquer pessoa adulta, quanto mais por juízes da suprema corte.
Vale a pena, portanto, retornar às origens e elucidar alguns dos mecanismos mentais embutidos em tão abjeta degradação da linguagem humana.
Também vale lembrar que este artigo foi recusado na revista "Bravo!" pelo então editor Arruinaldo Azevedo:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/tiazinha.htm




Sem a corrupção da linguagem, seria imediatamente óbvio para qualquer pessoa adulta -- e mesmo para algumas crianças -- que o legislador que está propondo penas mais graves para o crime de estupro não pode, ao mesmo tempo, estar fazendo a apologia desse crime; e ninguém seria idiota ou vigarista o bastante para forçar alguma palavra dele, por mais inábil e desastrada que fosse, a ser interpretada nesse sentido, pois isso soaria automaticamente ridículo e artificioso. Foi preciso muito trabalho de devastação cultural para chegar ao ponto em que juízes da Suprema Corte consentem alegremente em fazer o papel de palhaços.



NB - A elipse enganosa, como a descrevi no artigo de 1999, é hoje em dia o ÚNICO procedimento estilístico usado nos escritos do sr. Arruinaldo Azevedo, que se tornou, com isso, uma espécie de Julio Soumzero vitaminado.


Raramente se viu uma prova de ANALFABETISMO FUNCIONAL tão patente quanto a interpretação que essa vice-procuradora-geral deu à frase do Bolsonaro. Essa dona não tem qualificação intelectual nem para ser caixeira de loja.




Todo juiz de direito, desembargador, ministro do STF ou similar que não saiba escrever em português gramatical prova que NÃO FOI ALFABETIZADO ADEQUADAMENTE e que, portanto, não tem sequer a mais mínima condição de exercer as altas funções do cargo que ocupa. E não ma refiro sequer a analfabetismo funcional, e sim a analfabetismo puro e simples.
Está na hora de começar uma LIMPEZA nos tribunais, sem entrar em discussões ideológicas, políticas ou jurídicas. Basta a gramática.
Algumas centenas de processos nesse sentido bastarão para abalar as estruturas do poder vigente com muito mais eficiência do que um milhão de discursos políticos.



Como dizia Dante, a gramática é a construção MATERIAL da linguagem. Se o sujeito não apreende nem uma estrutura material que está bem diante dos seus olhos e ao alcance dos seus ouvidos, como há de captar a faixa semântica, à qual só tem acesso pela imaginação? Quem escreve errado só acerta no conteúdo por sorte... Quem não escreve gramaticalmente NÃO TEVE ALFABETIZAÇÃO COMPLETA. É inadmissível que exerça QUALQUER profissão superior, especialmente aquela que lhe dá o poder de decidir os destinos de outros seres humanos.
Se o juiz é analfabeto funcional, ou mais ainda semi-alfabetizado, tem de ser BANIDO do cargo imediatamente.
Qualquer transigência nesse ponto é inadmissível.



Qualquer pessoa alfabetizada tem a obrigação de entender, imediatamente e sem explicações, que a afirmativa "Não vou estuprar você porque você não merece" significa "Nem um estuprador se interessaria por você", o que é uma ofensa brutal, mas (1) foi proferida como revide a uma falsa imputação de crime; (2) em hipótese nenhuma admite ser interpretada como apologia do estupro.
Se você diz de um carro velho "Isso não merece ser roubado", isso é fazer apologia do roubo?
Todos os que propõem essa interpretação são vigaristas, incluindo Feagacê, Nojo Soares e Arruinaldo.



Se alguém ainda não entendeu, caraio: Dizer "Esse sujeito não merece nem um chute no cu" é fazer apologia dos chutes nos cus?


Repito pela milésima vez e desafio qualquer um a provar que estou errado: Para quem quer que não seja um analfabeto funcional, "Você não merece ser estuprada" significa simplesmente "Nem um estuprador desejaria vocë". É uma ofensa brutal, mas não uma apologia do estupro.


Dizer de um cavalo velho e capenga: "Este cavalo não merece ser roubado" é fazer apologia do roubo de cavalos?



Um dos traços característicos de doença mental é não entender sarcasmo e ironia.


Mesmo se, para raciocinar "ad absurdum", tomássemos a afirmativa do Bolsonaro em sentido reto, sem ironia, ela estaria conferindo mérito à estuprada e não ao estuprador. Qualquer menino de escola tem a obrigação de entender isso sem precisar nem pensar.


Renato Antonio Santos Rolim Ele só quis dizer que: "Mesmo se eu fosse um estuprador, coisa que não sou, jamais estupraria você, pois sua aparência não desperta desejo nem em alguém assim".

Olavo de Carvalho



Qualquer pessoa alfabetizada tem a obrigação de captar instintivamente, na frase "Você não merece ser estuprada", a insinuação elíptica : "Você não merece NEM MESMO ser estuprada", o que é uma ofensa brutal mas não é de maneira alguma uma apologia do estupro nem admite ser interpretada nesse sentido.
Afirmo, sem medo de errar, que todos os acusadores do Bolsonaro nesse episódio são pessoas INSUFICIENTEMENTE ALFABETIZADAS.
E não adianta dizer que alguns estão só fingindo premeditadamente. Não é assim que o fingimento histérico funciona. O fingidor histérico, quando quer, bloqueia qualquer capacidade intelectual que o incomode, e acaba por perdê-la realmente. De modo que uns foram mal alfabetizados, outros se analfabetizaram depois de adultos.
Pior: O fingimento histérico, quando passa de um certo limite, já não é em si mesmo o sintoma principal. Deve ser interpretado como camuflagem de alguma patologia oculta bem mais grave. Quando o sujeito exagera no artificialismo, ele tem, no fundo da sua alma, bons motivos para fugir de si mesmo.



Esclarecendo um pouco mais: o analfabetismo funcional pode ser inoculado artificialmente por meio do fingimento histérico. As universidades, no Brasil, existem precisamente PARA ISSO. Quem leu o livro do Dr. Lobaczewski sabe do que estou falando. Quando um grupo de psicopatas toma o poder, o fingimento histérico se espalha pela sociedade epidemicamente. E é claro que, na esfera das discussões públicas, um dos sinais mais patentes dessa epidemia será a recusa passional de entender o óbvio, quando o óbvio ameaça as defesas psíquicas do fingidor histérico.


 
Um diploma de filosofia, direito, ciências sociais ou letras conferido por qualquer universidade brasileira é, com notável freqüência estatística, um ATESTADO DE ANALFABETISMO FUNCIONAL. Os que o possuem têm boas razões para desejar tapar a boca de quem não padeça da mesma deficiência, já que a presença deste é uma constante ameaça às suas débeis e vacilantes defesas psíquicas. O ódio histérico reativo, aí, pode se tornar demência coletiva.


Olavo de Carvalho

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