domingo, 13 de março de 2016

Se me querem como mentor de algum movimento político, ao menos me consultem para me dar o direito de dizer “Não”.

Se querem compor um estado-maior sob a minha orientação, eu deveria ter, no mínimo, o direito de escolher seus membros. Se preferiram autonomear-se, já provaram, só com isso, que julgam a minha orientação dispensável exceto como rótulo de propaganda.

Quem quer que saia por aí propondo fechar estradas e aeroportos antes de ter provado sequer sua capacidade de tomar um grêmio estudantil ou um sindicato é um fanfarrão na melhor das hipóteses — um Kim Katakokinho proteinado.

A esquerda teve ao menos a humildade de treinar política em grêmios estudantis e sociedades de bairros durante décadas antes de tentar uma aventura maior. A direita mal saiu das fraldas e já quer brilhar na escala nacional. Só pode, com isso, arrumar encrenca ou virar massa de manobra tucana.

Os protestos de março de 2015 foram uma oportunidade de ouro para começar a organizar a massa na escala pequena do bairro, da igreja, da escola. Em vez disso, os assanhados preferiram a arena grande, nacional. Ora, na escala nacional só os tucanos tinham um plano coerente — em benefício próprio, é claro. Resultado: agora, ou a direita consente sm virar força auxiliar do tucanato, ou ficará isolada, rosnando impotente na calçada, sem outra esperança possível além daquela, remota, de eleger o Bolsonaro em 2018.

Quando a direita for capaz de tomar as universidades, acreditarei que está quase — apenas quase — preparada para conquistar o poder. Até lá, tudo não passará de ejaculação precoce.
Fiz a minha parte: conquistei para essa direita um espaço no debate público. Parecia impossível, mas fiz, e fiz sozinho. Todos os demais tomaram o bonde andando, com cinco, seis, dez anos de atraso, e já começam a cair do estribo a cada virada de esquina. Falta-lhes humildade, paciência, conhecimento. Sobram entusiasmo e arrogância.

Quando disse que uma mudança positiva levaria de trinta a quarenta anos, EU NÃO ESTAVA BRINCANDO. Quantos não acharam que podiam fazer em três ou quatro, e já não caíram exaustos pelo caminho?

Kim Katakokinho virou office-boy do tucanato. Reinaldo Azevedo já se acomodou ao programa cultural da esquerda. Villa e Ayan revelaram-se farsantes grotescos. Os comandantes autonomeados de intervenções militares não conseguiram acesso nem mesmo ao alojamento de subtenentes. É muito desejo de pagar mico.

Acham-se capazes de derrubar o esquema comunotucanopetista? OK, façam um teste: Tomem primeiro a USP. Ah, não dá, é muito grande? Então a PUC. Também não dá? Se uma universidade é campo demasiado grande para que vocês o conquistem, como não haverá de sê-lo o país inteiro? Quando eu disse que tomar um grêmio estudantil ou expulsar da igreja um padre comunista é mais importante do que “tirar a Dilma”, EU NÃO ESTAVA BRINCANDO.

Transferir a luta das ruas para o Parlamento foi o mesmo que entregar o poder aos tucanos, pela simples razão de que, na escala do oficialismo, do “estamento burocrático”, eles são a única alternativa capaz de ocupar o vazio deixado pelo PT moribundo. Só a organização das massas poderia ter evitado esse patético anticlímax.

Vamos começar outra vez, ok? Vitória na guerra cultural antes mesmo de pensar em luta política, está bem? As opções são três: (1) Essa. (2) Gastar mais energia em ejaculações precoces. (3) Consentir em servir aos tucanos.

Os tucanos podem até “tirar a Dilma”, se não tiverem outra saída, mas NÃO VÃO DESTRUIR O PT, NÃO VÃO DETER A ESCALADA COMUNISTA NO CONTINENTE, NÃO VÃO SUPRIMIR A “IDEOLOGIA DE GÊNERO”, NÃO VÃO REPRIMIR A CRIMINALIDADE, NÃO VÃO PARAR O MST.

O de C

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