segunda-feira, 20 de junho de 2016

Subculturas Jornalística e Universitária Brasileiras; Hegemonia Intelectual x Hegemonia Cultural

A ordem normal de operação da inteligência humana é descobrir os fatos, narrá-los ou descrevê-los, buscar seu lugar no esquema geral dos fatos conhecidos e POR FIM buscar sua explicação. Os fatos sem explicação são o alimento e o motor da inteligência. A regra geral da estupidez acadêmica e jornalística, em contrapartida, é negar os fatos por falta de uma explicação. Só aceitar o que já está explicado, o que não produz inquietação nem dúvida. Isso está tão arraigado na mentalidade brasileira que já constitui quase um mandamento divino. E os mais profundamente afetados por esse vício são justamente aqueles que, por mera pose e da boca para fora, fazem alarde de "pensamento crítico" e "mentalidade independente". Querem uma ciência sem problema científico. TUDO na cultura universitária e jornalística deste país é palhaçada. Isso tem de acabar. Os vigaristas -- todos eles -- têm de ser expulsos e ceder lugar a gente séria.

Neste país, como já afirmei antes, é preciso explicar, desenhar, depois explicar o desenho e desenhar a explicação do desenho. "Hegemonia intelectual" significa que um grupo é o detentor das concepções mais abrangentes, que acabam absorvendo em si todas as idéias, opiniões e crenças circulantes, por falta de alternativas disponíveis. "Hegemonia cultural", ou "sociocultural" é o domínio sobre as instituições e canais materiais de cultura (universidades, editoras, jornais, etc.) A hegemonia intelectual da esquerda foi DEFINITIVAMENTE QUEBRADA a partir do momento em que houve no mercado das idéias concepções mais abrangentes, capazes de absorver e transcender o horizonte de visão esquerdista e abrir novas possibilidades intelectuais que antes não existiam na sociedade. A hegemonia cultural ou sociocultural será quebrada quando os canais materiais de cultura escaparem das mãos dos seus controladores. A quebra da hegemonia intelectual se dá no reino do espírito, da inteligência, do conhecimento. A da hegemonia cultural, na disputa de espaços, de cargos e até de dinheiro. A primeira operação pode ser realizada por uma só pessoa. A segunda requer bom número de ativistas.

Rafael Vicari Professor, em sua última aula o senhor disse, salvo engano, que após a dominação de um meio/cultura em sua esfera mais alta, segue-se a dominação dos círculos mais abaixo. Pode-se dizer então que, tendo o senhor quebrado o círculo mais alto (intelectual), o panorama dos círculos abaixo necessariamente mudará? Quer dizer, pode-se dizer que agora não há mais escapatória, alguém vai acabar fazendo isso aí? (obs: Professor, me add, please! Eu já tinha uma vaga no seu face, mas fiz outro e deletei o anterior)
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Olavo de Carvalho
Olavo de Carvalho Rafael Vicari A mudança não é automática, mas em geral acaba sucedendo com o tempo.
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Urquiza Alves
Urquiza Alves "A hegemonia cultural ou sociocultural será quebrada quando os canais materiais de cultura escaparem das mãos dos seus controladores."

Professor Olavo de Carvalho essa quebra que o senhor diz pode ser feito tb através de boicotes a esses canais e consumindo outros, não é ou estou errado?
Olavo de Carvalho
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P. S. Não confundir, por caridade, "concepções mais abrangentes" com mera oposição, crítica ou concorrência. Se não houvesse essa diferença, eu seria o Arruinaldo Azevedo.

Meus alunos -- e praticamente só eles -- já estão criando a nova alta cultura do Brasil, que jogará na lata de lixo do esquecimento TODA a subcultura universitária e jornalística das três ou quatro últimas décadas. Vejam o trabalho do Rodrigo Gurgel, do Josias Teófilo, do Érico Nogueira, da Lorena Miranda Cutlak, do Carlos Nadalim, do Rafael Falcon, do Felipe Moura Brasil e me digam se algum Arruinaldo Azevedo, Ricardo Timm ou Márcia Tiburi tem qualificações intelectuais para engraxar os sapatos desses escritores, artistas e eruditos. Vejam este vídeo do Rafael Nogueira sobre o filme do Mauro Ventura (que comentarei depois) e avaliem se estou exagerando:
https://www.youtube.com/watch?v=63I4B-O7Wss

PS - É claro que citei pouquíssimos nomes, só a título de amostra. O conjunto do trabalho dos meus alunos É IMENSO.

Por que, antes de julgar que estou sendo presunçoso, não tentam ao menos fazer uma lista das realizações dos meus alunos nos vários campos da atividade cultural e perguntar se algum outro intelectual brasileiro da minha geração produziu resultados comparáveis? Admito: a lista é tão imensa que é mais fácil fingir que ela não existe e concluir que é tudo presunção doentia da minha cabeça.

Do ponto de vista de pessoas que nunca realizaram nada na vida, que me medem por si mesmas e que nem tentaram averiguar a extensão das minhas realizações e de seus efeitos na cultura brasileira, a coisa mais fácil do mundo é sair dizendo, sem exame, que sou um paranóico megalômano. Pobre consolo.
 

O de C

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