sábado, 18 de junho de 2016

Brasileiro só tem dois neurônios. - deficiência intelectual da mentalidade brasileira

O único critério intelectual que vigora no Brasil é o futebolístico: ou você está cem por cento no meu time, ou no time adversário. Não existe meio torcedor, nem mero simpatizante. É tudo ou nada. Logo, se você defende um caluniado, você é "partidário" dele, e se você cita um livro, é devoto fanático do autor. Tal é o critério com que monstros de imbecilidade como Arruinaldo Azevedo, Julio Severo e Rodrigo Constantino interpretam o que escrevo. É de fazer um escritor perder o tesão de escrever.

Karl Jaspers ensinava que TODA a inteligência está nas nuances. Quando elas desaparecem, é o reino da estupidez e da barbárie (duas palavras que os estúpidos e bárbaros, aliás, adoram repetir no vazio).
Mesmo neste país onde pessoas, idéias e instituições só podem ser adoradas ou vilipendiadas em bloco, que é que me impede de, ao mesmo tempo, admirar Giordano Bruno e achar que a Inquisição teve boas razões para condená-lo à morte?

Dialética é admitir simultaneamente duas possibilidades contraditórias, cada uma no seu devido plano. Entendo, por exemplo, que em geral os UFOs são ilusões holográficas, mas com isso não nego "in totum" a hipótese de existirem extraterrestres. No Brasil isso é "incoerência".

Que é que me impede, exceto a burrice nacional, de achar, ao mesmo tempo, que os militares teriam a obrigação moral de intervir e que uma intervenção militar é inviável e inconveniente?

Qualquer pensamento dialético, por elementar que seja, está INFINITAMENTE ACIMA das possibilidades de um Arruinaldo Azevedo, de um Rodrigo Cocô Instantâneo ou de um Luciano Aymeuânus. Noventa e nove por cento das indignaçõezinhas que eles ostentam como emblemas da sua honestidade impoluta não passam de impotência dialética. O Cocô Instantâneo ainda é perdoável, porque nunca esteve numa organização de esquerda e só as conhece em imaginação. Mas o Aymeuanus e o Arruinaldo não têm nem mesmo essa desculpa.
Na própria esquerda, o último sujeito capaz de raciocínio dialético que conheci no Brasil foi o Nabor Caires de Brito, nos anos 70 do século passado. Depois vieram o marquês de Sader e similares, que descrevi no "Imbecil Coletivo"; na geração seguinte o Ricardo Tamm-Tamm de Souza, o Mauro Hic iacet, a Marcia Tiburon e dai para pior. O buraco não tem fundo.


Muitas pessoas fazem questão de adorar ou abominar em bloco só para dar a impressão de que personificam o bem contra o mal. Mas o bem e o mal em sentido absoluto só existem na escala do Juizo Final, que por enquanto é inacessível à nossa inteligência. No mundo em que estamos, nem o Julio Severo é totalmente imprestável. Posso xingá-lo, mas não condená-lo em bloco. Deixo a ele a incumbência das condenações totais que só serão levadas à prática na cabeça dele mesmo.


O de C

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