Talvez o aspecto mais deprimente da cultura moderna seja a
velocidade, a facilidade, a desenvoltura ingênua ou cínica com que meras
precauções críticas se transfiguram em afirmativas dogmáticas sobre a
realidade. Começamos dizendo que nossa ciência não tem meios de
averiguar nada fora do mundo físico e, de repente, essa modesta
precaução metodológica se transforma na afirmação peremptória de que
NADA EXISTE fora do mundo físico. Começamos dizendo que a genética não
tem meios de distinguir muito claramente
um chimpanzé de um bebê de três meses e logo em seguida passamos a
jurar que os dois são iguais. Começamos dizendo que não conhecemos a
relação exata entre sexo biológico e identidade sexual subjetiva, e
terminamos dizendo que esta é mais real do que aquele. Começamos
admitindo que na comparação entre culturas não devemos admitir "a
priori" a superioridade de umas sobre outras, e cinco minutos depois já
estamos afirmando categoricamente que não há culturas superiores e
inferiores. E assim por diante. Em todos esses casos, a mágica que
transmuta a precaução crítica em juízo de realidade é o puro "argumentum
ad ignorantiam": negar a existência daquilo que não se conhece, ou pior
ainda, daquilo que de antemão foi colocado fora da área de estudos. Não
estudamos tal ou qual coisa, portanto ela não existe. Graças a essa
mágica, está ficando cada vez mais difícil distinguir entre ciência e
charlatanismo.
Se Max Weber soubesse que um dia a sua querida "neutralidade
axiológica" (Abstinência de juízos de valor) serviria de pretexto ao cambalache
gayzista-abortista-feminista-indigenista-africanista, ele desistiria da
carreira científica e montaria uma honesta barraquinha de
cachorros-quentes.
O de C
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