sexta-feira, 3 de junho de 2016

Pergunta aos juristas. O EXTRA afirma que "qualquer ato libidinoso cometido contra alguém que, por qualquer motivo, não pode oferecer resistência é estupro". Estou ciente de que a palavra "rape" adquiriu esse sentido deformado nos EUA, o qual depois foi incorporado à jurisprudência. Um verdadeiro crime jurídico, porque confunde abuso e assédio sexual com o gravíssimo ato de violar a intimidade física da vítima, diminuindo semanticamente o peso deste último. No Brasil também estamos nesse pé, ou o EXTRA está tentando criar a situação mediante o método Goebbels -- repetir até a coisa virar verdade?

Na lei romana, a violação sexual (stuprum) era punida com a morte, coisa raríssima no direito dos cidadãos. Chamar de "gostosa" parece um pouco menos grave. Se as duas coisas levam o mesmo nome, o efeito é que a penetração violenta passará a ser vista como uma banalidade. Isso é evidente. O simples USO da expressão "cultura do estupro" para designar o hábito de homens vulgares, que assobiam para mulheres na rua, insulta todas as mulheres que sofreram nas mãos de um estuprador de verdade.

Só existe "cultura do estupro" em certas regiões do sertão, ou tribos primitivas, em que a comunidade aceita a penetração violenta em certas circunstâncias (por exemplo, como punição legítima para alguma transgressão). Quem usar essa expressão em qualquer outro sentido é um imbecil irresponsável ou um filho da puta.

Daiane Gabriela Rafael, vi alguns comentários de homens dizendo que ela era super "rodada", dando a entender que se uma mulher com esse perfil fosse estuprada não seria assim tão grave... Não é que o estupro é cultuado, mas sua gravidade é flexibilizada a depender do perfil da mulher. É esse tipo de coisa que as pessoas chamam de cultura do estupro.
Rafael Falcón
Rafael Falcón Se ela andasse com traficantes e levasse uma bala da polícia, eles diriam a mesma coisa. Então não é cultura do estupro. A expressão é extremamente abusiva e grave.
Daiane Gabriela
Daiane Gabriela Pelo que eu entendi do seu argumento, só seria considerado cultura do estupro no caso de tribos e comunidades que achassem válido o estupro em certas circunstâncias. Alguns homens e mulheres (alguns, não todos) parecem não ver muito problema em estupro a depender do local frequentado e perfil da mulher, isso não é tornar aceitável o estupro em certas circunstâncias, caindo assim na sua definição do que seria "cultura do estupro"?
Rafael Falcón
Rafael Falcón Não, porque essas pessoas parecem ver com certa naturalidade QUALQUER tipo de violência que se sofra em tais ou quais circunstâncias. Além disso, elas continuam achando que foi imoral. Não vejo ninguém que aprove ou deixe de reprovar qualquer estupro, por qualquer motivo.
Rafael Falcón
Rafael Falcón Quando alguém diz, por exemplo, que se você vai a uma favela no Rio é "normal" ser assaltado, ele não quer dizer que o assalto seja correto e moral, mas que é comum. Banalizar é diferente de aprovar.
Daiane Gabriela
Daiane Gabriela Me parece que o fato de certas pessoas verem com naturalidade qualquer tipo de violência que se sofra em determinadas circunstâncias não anula uma cultura de estupro, mas apenas expande um outro tipo de cultura como o da violência.
Uma parcela de pesso
as banaliza tanto o cometimento de atos ilegais a depender das circunstâncias e a reprovação ao ato é tão frágil que fica muito próximo de uma aprovação.
Subiu o morro de noite e tomou uma bala na cabeça? Tava pedindo, né?!
É super "rodada" e foi estuprada?! tava pedindo, né?!
 RFalcon

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