Leitura indispensável:
O SURGIMENTO DO IMPÉRIO NEOCOMUNISTA *
Atila S. Guimarães
Resenha do livro de Toby Westerman:
Mentiras, Terror e o Surgimento do Império Neocomunista – Origens e Direção (Bloomington, IN: AutorHouse, 2009, 231pp.)
Os que não caíram na artimanha de que o comunismo morreu, vão
encontrar neste livro uma valiosa ferramenta para apoiar sua posição. Os
que ingenuamente acreditaram no mito de que João Paulo II e Ronald
Reagan derrotaram o comunismo dando prestígio e dinheiro a Lech Walesa,
vão encontrar neste livro clara comprovação de que o comunismo nunca
morreu, só mudou seu rosto para avançar mais.
Baseado em
notável quantidade de informações confidenciais retiradas de seus
arquivos, como expert em política internacional Toby Westerman oferece
aos seus leitores um amplo mapa da atividade comunista contemporânea.
Isto é apresentado em estilo atraente, que torna a leitura desse grave
tema como se fosse uma novela policial.
A “nova” face do comunismo russo
Westerman começa descrevendo como a atuante rede de espionagem
comunista era forte – ironicamente, ao mesmo tempo em que Boris Yeltsin
pronunciava seu dramático discurso diante do Congresso dos Estados
Unidos (17 de junho de 1992), assegurando ao mundo que o comunismo
estava morto e que a Rússia havia adotado os princípios sócio-econômicos
do Ocidente moderno. O Autor especifica que enquanto Yeltsin nos
garantia que “a liberdade não seria enganada”, em torno de 700.000
espiões comunistas trabalhavam no mundo todo para continuar a expansão
de suas idéias.
De fato, muitos símbolos antigos do
comunismo foram abandonados e muitas instituições foram fechadas. Sem
embargo, isto se deu não tanto porque seus líderes haviam mudado de
ideologia, mas porque essas instituições estavam obsoletas e o povo já
não seguia seus chefes. Se bem que esse fracasso geral deu a aparência
de uma mudança nas idéias, o Autor sustenta que, na realidade, isso se
passou para convidar os capitalistas para entrarem na Rússia e
restaurarem sua economia. Desde então, operou-se um forte aumento dos
investimentos ocidentais que ingressaram na falida economia comunista e
lhe deram nova vida.
No entanto, oito anos mais tarde, como o
desastre econômico começou a ser resolvido, Vladímir Putin ganhou as
eleições (março de 2000) e começou novamente a construir e reinstalar as
instituições comunistas que haviam sido abandonadas. Ex-agente do KGB,
Putin trabalha para restaurar a infame agência. O mesmo pessoal, os
mesmos métodos — espionagem, perseguição, assassinatos — continuam sendo
aplicados contra aqueles que de alguma maneira ameaçam o regime. De
maneira significativa — e Westerman o documenta muito bem — Putin também
anseia pelo retorno da URSS.
No fundo, o Ocidente é o
facilitador para que o comunismo continue. É o que ainda hoje acontece. O
comunismo continua, mas com sua face metamorfoseada. O que há de novo
nessa face? Em cada parte do mundo assume características peculiares. Na
Rússia, abandonou o estilo comunista stalinista para retornar aos
métodos de Lênin.
Lênin em 1922, ano em que iniciou sua Nova Política Econômica
Muitas pessoas hoje em dia esqueceram que depois do golpe
bolchevique de 1917 o comunismo fracassou em sua gestão do Estado. Então
Lênin introduziu sua Nova Política Econômica (NPE), que permitiu em
alguma medida a propriedade privada. A adoção dessa política — apoiada
por importante segmento dos meios de comunicação capitalistas —
convenceu o Ocidente de que o comunismo havia fracassado e que,
portanto, o melhor a fazer seria ajudar Lênin a reparar os danos. Bem
sabemos como essa estratégia serviu para sustentar o comunismo.
Westerman argumenta que a mesma tática de mudança de face foi usada mais
tarde, depois da queda da Cortina de Ferro.
Pontos não
negligenciados: a Rússia nunca deixou de apoiar as redes do terror que
operam a partir do Irã, Síria, ou Venezuela; nunca deixou de reforçar os
vínculos com os déspotas de estilo soviético do Casaquistão,
Kirguistão, Uzbequistão, Turquimenistão, Tadjiquistão, Coréia do Norte e
Cuba; nunca deixou de pressionar a Ucrânia e a Geórgia para retornarem
ao seu âmbito de influência. Isto só para mencionar alguns poucos fatos
dentre os citados pelo Autor em seu livro, e que são normalmente
silenciados pelos meios de comunicação.
O “novo” comunismo com características chinesas
A viagem de Nixon à China em 1972 possibilitou o boom econômico chinês
Depois de analisar o “novo” rosto do comunismo na Rússia,
Westerman passa a tratar da China. Em primeiro lugar, demonstra que
carece de substância o velho mito de que a Rússia e a China são
adversárias. Em seguida analisa o novo boom econômico chinês, aberto ao
livre mercado, propiciado por Nixon. Na realidade, hoje em dia o mercado
na China está controlado pelo governo, e seu êxito se deve à combinação
de três fatores:
1. Uma constante injeção de dinheiro;
2. A introdução de sofisticadas tecnologias do Ocidente;
3. Uma enorme força de trabalho escravo interna.
Também demonstra como o Ocidente é ingênuo ao acreditar que a
economia de livre mercado necessariamente derrotará o comunismo na
China. O Autor demonstra que precisamente o oposto é que é verdadeiro. O
Ocidente está proporcionando à China os meios para converter-se em um
gigante que já está ameaçando econômica e militarmente os Estados
Unidos.
Como responderam os Estados Unidos a esta ameaça? A
administração Bush decidiu que para equilibrar o rápido crescimento da
China, os Estados Unidos deveriam canalizar assistência econômica para
os comunistas do Vietnã e oferecer-lhes prioridades comerciais...
O comunismo avança por meio de eleições na América Latina
O Autor mostra que o novo objetivo do comunismo é implantar
governos vermelhos através de eleições democráticas. Este é a nova face
do comunismo na América Latina. Analisa em detalhe o caso da Venezuela e
mostra como Hugo Chávez promove o comunismo sob o nome de Revolução
Bolivariana.
Chávez, Morales e Correa usaram a via eleitoral para chegar ao poder
Também assinala os vínculos entre Chávez e as guerrilhas
colombianas Farc, e como Chávez ajudou Rafael Correa a ser eleito
presidente do Equador. Além de tratar do caso Chávez, menciona outros
presidentes vermelhos que chegaram ao poder através de eleições: Evo
Morales na Bolívia, Cristina Kirchner na Argentina, Luis Inácio Lula da
Silva no Brasil, Tabaré Vasquez no Uruguai.
Evo Morales e Mahmoud Ahmadinejad
Westerman também chama a atenção para as relações cordiais ou
tratados econômicos e militares de Chávez com a Rússia, China, Cuba,
Nicarágua, Coréia do Norte, Síria e Irã. Isto é parte do novo império ao
qual se refere no título de seu livro.
O autor também se
ocupa em destacar o perigo que Cuba representa para os Estados Unidos e
fundamenta suas palavras com interessante informação sobre a atividade
de espionagem realizada pela ilha comunista para infiltrar-se nos EUA.
Ao concluir sua análise da “Tormenta Vermelha Latino-Americana”, coloca
sua atenção sobre a eleição do marxista Daniel Ortega na Nicarágua.
Islã e terrorismo
Um breve capítulo é dedicado a verificar a continuidade histórica
da oposição militante islâmica contra o Ocidente e seu milenar
ressentimento contra as Cruzadas. Esta rápida descrição pretende
preencher o vazio que se fez sobre este tema nos meios de comunicação,
livros e ambientes acadêmicos. Também faz uma rápida e indireta
vinculação entre o terrorismo atual e o comunismo.
A esquerda norte-americana e a mídia
Todas as diversas frentes do comunismo atual têm um inimigo comum:
os Estados Unidos como representante do capitalismo. Elas têm uma forte
aliança com a esquerda norte-americana. Se bem que o Partido Comunista
tem uma pequena influência na vida política desse país, não se pode
dizer o mesmo com relação à influência dos meios de comunicação e da
esquerda política. No que concerne à mída, Westerman reproduz
documentação histórica que mostra como ela apoiou Lênin na Rússia, Mao
na China e Castro em Cuba. Encontramos sempre a mesma cumplicidade com o
mais perigoso inimigo norte-americano, o comunismo. Com respeito à
esquerda, uma forte influência política foi dada aos comunistas desde o
final do governo de Franklin D. Roosevelt. De fato, vários dos mais
influentes membros de seu gabinete eram espiões de Moscou. Desde então, o
broto vermelho lançou raízes cada vez mais profundas na política
norte-americana.
Mitificação de um assassino transformado em herói pela mídia
Para fomentar o comunismo nos EUA, um importante papel foi
desempenhado pelas estrelas de cinema e produtores de Hollywood que
promoveram heróis antiamericanos como Che ou anti-heróis como o casal
Rosenberg — condenado à morte por vender segredos atômicos para a URSS.
O autor aponta a “reabilitação” do infame casal como grave sintoma da debilidade no senso de autodefesa norte-americano.
Tampouco subestima o enorme esforço antibelicista dos ambientes
acadêmicos e movimentos pacifistas impulsionados pela mídia esquerdista
que tem por objetivo desalentar as tropas que estão sacrificando suas
vidas para salvar o país combatendo o terrorismo. A poderosa coalizão de
norte-americanos que promovem sentimentos contrários ao seu próprio
país não é apenas algo contraditório e vergonhoso, como também é muito
perigoso.
A plataforma pacifista norte-americana também é
promovida pelos novos líderes comunistas mencionados anteriormente. Um
exemplo simbólico: Hugo Chávez recebeu a celebridade antibelicista Cindy
Sheeman com todas as honras em seu palácio de governo. Depois posou
para as câmeras abraçando Cindy e Elma Rosado, a viúva do líder
terrorista de Porto Rico, Ojeda Rios. Ojeda foi morto em 2005 por
agentes norte-americanos depois de um milionário assalto bancário e de
destruir onze aviões de combate da Guarda Nacional Aérea em Porto Rico.
Chávez e as duas mulheres se abraçaram no transcorrer da realização do
Foro Mundial Social reunido em Caracas. O terrorismo e o pacifismo se
entrelaçaram no abraço de Hugo Chávez, um gesto que fala por si mesmo...
O terrorismo e o pacifismo entrelaçados com a Revolução Bolivariana. São 3 tentáculos de uma mesma hidra.
Westerman termina sua obra com um apelo aos norte-americanos para
que tomem consciência do que escondem os meios de comunicação. Também os
convida a tomar medidas para deter o inimigo central denunciado em seu
livro: os cúmplices norte-americanos do comunismo.
Seu livro
proporciona um amplo e abrangente panorama, como também muitos fatos e
fontes que vale a pena conhecer, e perspectivas históricas que ajudam a
compreender a situação atual.[1]
_________
NOTAS:
[1] O livro Lies, Terror and the Rise of the Neo-Communist Empire pode ser comprado em International News Analysis.
_________
* Artigo publicado no site católico norte-americano Tradition in Action sob o título The Rise of the Neo-Communist Empire.
Tradução: André F. Falleiro Garcia.
Reproduzido por O de C
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