Todas as mudanças culturais que aconteceram no Brasil nos últimos
anos, com as conseqüências políticas que as acompanharam, foram o
resultado, em parte direto,em parte indireto, de um PLANO que comecei a
aplicar a partir de meados dos anos 80, baseado no conhecimento dos
processos de difusão longamente estudados em História das Idéias. Os
"formadores de opinião", jornalísticos e universitários, desconhecem
esses processos e jamais tiveram sequer a curiosidade de estudá-los. São
idiotas o bastante para imaginar que tudo o que ocorre na sociedade vem
de cima, por meio de propaganda e marquetagem. Por outro lado, é certo
que o tipo de difusão que eu tinha em vista operava por círculos
concêntricos, da parte mais ativa intelectualmente para as mais
longínquas e inativas, não dependendo em nada de financiamentos
bilionários. Pela mesma razão, o processo não era controlável , apenas
orientável sutilmente, desde um centro difusor que, permanecia discreto o
bastante para não ser reconhecido pelo público mais periférico (que
incluia, de maneira quase irônica, os "formadores de opinião"). A coisa
foi tão complexa e demorada que, quando surtiu seus primeiros efeitos
políticos (muito mais caóticos do que eu desejaria, é claro), não foi de
espantar que alguns doidinhos, macaqueadores passivos de sugestões que
nem sabiam de onde vinham, tivessem chegado a acreditar que eles
próprios haviam produzido tudo do dia para a noite, com uns hangouts e
uns gritinhos dados de cima de um palanque, O rabo sente orgulho de
abanar o cachorro.
Não faço questão nenhuma de que reconheçam o papel central que
desempenhei nessa coisa toda. Ao contrário. Se muitos conhecessem a
fonte, já a teriam tampado faz tempo.
Vocês já me viram reivindicar algum cargo público? Algum patrocínio
ministerial? Um lugarzinho em alguma academia? Um emprego na TV? Um
título de dotô como esses que o Lula recebeu às pencas? Afagos de algum
potentado? Uma notinha, miúda que fosse, em favor dos meus livros na
mídia chique?
Se não pedi nada disso, como pode haver tanta gente
perversa dizendo que busco a minha própria autoglorificação? Que porra
de autoglorificação é essa, que não se traduz em nenhum tipo de prêmios concebíveis ou imagináveis?
Tudo o que eu queria era que as coisas acontecessem mais ou menos como
eu tinha planejado, e elas aconteceram. Nunca perguntei o que ia ganhar
ou perder com isso.
Tudo o que pedi foi que comprassem meus livros e
assistissem aos meus cursos. Pedi, obtive e estou pago, Pago e
satisfeito. Nada mais tenho a reivindicar.
Ter sido, nesse ínterim, o
brasileiro mais difamado, caluniado, achincalhado e boicotado de todos
os tempos (com as possíveis exceções do Cabo Anselmo e do deputado
Bolsonaro) não foi muito agradável, mas, no fim das contas, como dizia
Aristóteles, a palavra "cão" não morde. Nada que um bom "Foda-se" não
resolvesse por completo.
Nem sequer cheguei a pedir que alguma aluna gostosinha me desse...
Certa vez um amigo meu, voltando de uma confraternização de ex-alunos
do nosso colégio, me disse: "Da nossa geração, o único que acredita no
que está fazendo é você."
Sim, amo loucamente o que faço, encontro
nas minhas especulações, análises e planos maquiavélicos um prazer
indescritível, e estou gratíssimo aos que, comprando os meus livros e
freqüentando os meus cursos, me deram a oportunidade de fazer o que
queria, fazer do meu trabalho a minha vida e da minha vida o meu
traballho. Não tenho MESMO nada mais a solicitar, exceto que Nosso
Senhor me olhe com benevolência no Juízo Final, coisa que eu SEI que Ele
vai fazer.
O de C
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