quarta-feira, 20 de abril de 2016

A julgar pela pujança do movimento popular em março de 2015, e comparando com iniciativas similares em outros países, a esta altura já podíamos ter varrido da cena pública metade da classe política que nos rouba e oprime. Bastaria que houvesse líderes de verdade, à altura do que o momento exigia. Em vez disso, decorrido mais de um ano, ainda estamos TENTANDO tirar do quadro UMA só pessoa, e com o risco de que venha outra pior no lugar dela. Tal foi a grande realização do MBL do tucanato e de seus office-boys na mídia. Há quem jure que a queda da Dilma será "só o começo", mas, como a Dilma continua lá e não cairá na próxima semana, com certeza o tal começo não começou ainda.

Não me falem de "estratégia do impeachment". Impeachment não é estratégia nehuma, é uma tática solta sem nenhum quadro estratégico em volta -- exceto, é claro, o quadro estratégico de autoperpetuação da classe política, PT incluso.

Se você quer enfraquecer um adversário, é coisa simples: faça-o esperar, e esperar, e depois esperar mais um pouco. Esse era o truque supremo do general romano Fabius, cujo nome inspirou o movimento fabiano, que por sua vez inspirou o tucanato. E o mais lindo é ninguém perceber que há um ano esse truque vem sendo usado contra toda a população brasileira.

Como é possível que, para remover do poder um partido desprovido de qualquer apoio popular, seja preciso criar os maiores protestos de massa de toda a nossa História e depois ainda esperar um ano e tanto para ver se acontece alguma coisinha?

Não há acordo possível entre os que querem salvar o Brasil e os que querem, acima de tudo, salvar a "Nova República".

A eleição de Jânio Quadros foi "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. A queda de João Goulart foi "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. A "Nova República" foi "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. A eleição de Collor foi "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. A queda de Collor foi "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. A eleição de Lula foi "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. As CPIs de 1993 foram "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. A votação de ontem foi "o fim da bandalheira", seguido de Hino Nacional e lágrimas de comoção cívica. Ou a tal da bandalheira é imortal, ou todo mundo está mentindo.

Não desprezo o impeachment, porque não sou um mendigo ingrato. Mas nenhuma gratidão me obrigará jamais a confundir uma esmola com um prêmio da Mega-Sena.

Felipe Leal O que seria o prêmio da Mega-Sena, professor?
Olavo de Carvalho Cassação dos mandatos e prisão dos responsáveis pelo caráter secreto da apuração

Passado mais de um ano dos primeiros protestos populares, ainda estamos AGUARDANDO o começo prometido. É isso o que os imbecis chamam de "resultados".

Se o sr. Michel Temas já garantiu ao Lula que no seu governo "não haverá caça às bruxas", continuar repetindo que o impeachment da Dilma -- ainda não consumado, aliás -- será "só o começo" é tomar um mero desejo como realidade. COM CERTEZA pelo menos metade dos que votaram na Câmara em favor do impeachment não o fez para "começar" nada, mas para APENAS acalmar a população. Tanto que todos agora falam em "governo de conciliação" e "paz nacional".

Nunca fui CONTRA o impeachment, como afirmou o mentiroso descarado (Reinaldo Azevedo). Fui contra colocá-lo no alto da lista de prioridades, porque sabia que (1) era um processo demorado e problemático, como de fato foi; (2) Só poderia ser realizado entregando o protagonismo da situação à classe política e reduzindo o povo à função de mero estimulador de adesistas de última hora, como de fato aconteceu. O impeachment era digno de ser levado em conta, sim, na hipótese de outras reivindicações mais substantivas serem frustradas, mas o que se viu foi gente frustrando premeditadamente essas outras reivindicações no intuito de privilegiar o impeachment e de, com isso, salvar uma classe politica desmoralizada.

Em março de 2015 tínhamos uma autêntica situação revolucionária, onde TODOS os canais de ação legal estavam sob o controle dos inimigos do povo, ou seja a ilegalidade tinha se tornado a única forma de legalidade. O que era preciso, então, era negar o sisema como um todo, mediante a desobediência civil maciça, e instaurar imediatamente uma nova ordem fundada na soberania popular. Mas os medíocres e covardes não conhecem nenhum tipo de ação que não seja por meio das "autoridades constituídas".

Sem líderes capazes, NADA se faz

Não se tratava de "romper com a ordem constitucional", pois uma intervenção popular direta está prevista e legitimada na Constituição, mas de romper com a HIERARQUIA DE COMANDO, que não se confunde -- exceto na cabeça dos Azevedos -- com a ordem constitucional.

A idéia dos políticos e de seus office-boys na mídia foi simples e clara: desacelerar o processo para que não escapasse do seu controle e não caísse nas mãos da massa. O que poderia ser resolvido integralmente em semanas foi subdividido em partes, das quais nem mesmo a primeira se realizou ainda... E vem esse idiota (reinaldo Azevedo) cantar vitória! Burrice e desonestidade não são mesmo antagônicas.

Se a massa pode pressionar deputados e senadpres para que votem o impeachment de UMA pessoa, por que não pode pressioná-los a anular uma eleição fraudulenta, cassar mandatos e punir os responsáveis pela fraude? Por que dirigir a ação das massas num desses sentidos e não no outro? Houve aí uma ESCOLHA, e não foi o povo quem a fez. Foram os políticos e os Azevedos.

Digam-me só uma coisinha: O impeachment da Dilma, supondo-se que venha a ser consumado, removerá os comunopetistas do STF? Do Parlamento? Do TSE? Da OAB? Da mídia? Das cátedras universitárias? De todo o sistema judidiário? Do show business?
É preciso ser um profissional da cegueira como o Reinaldo Azevedo para não enxergar que:
1) O impeachment foi adotado como tática minimalista, precisamente porque deixava intactos setores inteiros do poder comunopetista e PRECISAMENTE por isso tinha boas chances de ganhar apoio na classe política.
2) O impeachment não se impõs por ser o melhor caminho, mas se impôs como profecia auto-realizaval: políticos e Azevedos boicotaram todas as outras propostas, e assim que a única restante, DEPOIS DE UM ANO, começou a dar sinais de sucessp, proclamaram que era, de todas, a melhor. Vigarice braba.

O de C




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