Nestes dias de humilhação e derrota das esquerdas, a revista Veja, ao
me chamar de "guru da direita", faz de mim o homem mais influente do
país. É mais lisonja do que o meu ego sensível pode suportar. Só não
entendo como posso ser isso e, ao mesmo tempo, um zé-mané indigno da
atenção de grandes pensadores como André Petry.
Jornalistas, de modo geral, e no Brasil em especial, odeiam notícia.
Fogem dela como bunda foge de injeção. O repórter sai à rua para cobrir
uma passeata, vê cartazes "Olavo tem razão" por toda parte, mas sua
ilibada consciência profissional o impede de perguntar: "Quem, diabos, é
esse tal de Olavo?"
Talvez isto ainda não esteja claro para alguns dos meus leitores, mas
nada tenho a discutir com gente da mídia. Petistas ou antipetistas, o
ofício deles é dar notícias e acrescentar-lhes umas palavrinhas a favor
ou contra, sempre, é claro, em nome dos valores sacrossantos da
democracia, do Estado de direito, etc. e tal. O meu trabalho é analisar,
compreender e prever. Não estamos na mesma profissão, não somos
concorrentes. Confrontar as minhas idéias com as deles é como comparar
um manual de biologia com o menu de um restaurante.
Para os meninos da mídia, a coisa mais importanta do mundo é dar
sempre a impressão que estão do lado bom. Fazer uma análise política nos
moldes que aprendi em Aristóteles e Eric Voegelin é impossível se você
liga muito para a impressão que está dando. Pensar na pose desvia a
atenção que deve ser consagrada cem por cento ao objeto.
Na mídia brasileira não apenas inexiste espaço para os meus escritis,
mas até para qualquer menção ao meu nome. Acho isso excelente, porque
desde muitos anos atrás fiz comigo mesmo uma aposta de que UM ÚNICO
analista sério dos acontecimentos poderia, no cômputo geral, influenciar
o curso das coisas muito mais do que o faria a totalidade de uma
indústria bilionária. Não creio ter perdido a aposta.
Se eu tivesse me limitado a "denunciar a corrupção" ou a "defender a
democracia", como fazem tantos na mídia, nunca teria obtido resultado
NENHUM. Uma estratégia de dominação total só pode ser desmantelada se
for descrita e exposta na sua estrutura íntima, nas fontes últimas da
sua inspiração intelectual e na totalidade dos seus meios de ação.
O de C
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