segunda-feira, 18 de abril de 2016

Nestes dias de humilhação e derrota das esquerdas, a revista Veja, ao me chamar de "guru da direita", faz de mim o homem mais influente do país. É mais lisonja do que o meu ego sensível pode suportar. Só não entendo como posso ser isso e, ao mesmo tempo, um zé-mané indigno da atenção de grandes pensadores como André Petry.

Jornalistas, de modo geral, e no Brasil em especial, odeiam notícia. Fogem dela como bunda foge de injeção. O repórter sai à rua para cobrir uma passeata, vê cartazes "Olavo tem razão" por toda parte, mas sua ilibada consciência profissional o impede de perguntar: "Quem, diabos, é esse tal de Olavo?"

Talvez isto ainda não esteja claro para alguns dos meus leitores, mas nada tenho a discutir com gente da mídia. Petistas ou antipetistas, o ofício deles é dar notícias e acrescentar-lhes umas palavrinhas a favor ou contra, sempre, é claro, em nome dos valores sacrossantos da democracia, do Estado de direito, etc. e tal. O meu trabalho é analisar, compreender e prever. Não estamos na mesma profissão, não somos concorrentes. Confrontar as minhas idéias com as deles é como comparar um manual de biologia com o menu de um restaurante.

Para os meninos da mídia, a coisa mais importanta do mundo é dar sempre a impressão que estão do lado bom. Fazer uma análise política nos moldes que aprendi em Aristóteles e Eric Voegelin é impossível se você liga muito para a impressão que está dando. Pensar na pose desvia a atenção que deve ser consagrada cem por cento ao objeto.

Na mídia brasileira não apenas inexiste espaço para os meus escritis, mas até para qualquer menção ao meu nome. Acho isso excelente, porque desde muitos anos atrás fiz comigo mesmo uma aposta de que UM ÚNICO analista sério dos acontecimentos poderia, no cômputo geral, influenciar o curso das coisas muito mais do que o faria a totalidade de uma indústria bilionária. Não creio ter perdido a aposta.

Se eu tivesse me limitado a "denunciar a corrupção" ou a "defender a democracia", como fazem tantos na mídia, nunca teria obtido resultado NENHUM. Uma estratégia de dominação total só pode ser desmantelada se for descrita e exposta na sua estrutura íntima, nas fontes últimas da sua inspiração intelectual e na totalidade dos seus meios de ação.


O de C

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