quarta-feira, 27 de abril de 2016

Se alguém não tiver a capacidade de expressar-se em diversos gêneros, discernindo o que é apropriado em cada caso, não tem o direito de ser representante de um país. A arte da expressão literária é o que produz o senso de decoro, que não é inato e não surge espontaneamente em ninguém. Também é ela que garante certa ordem e clareza no discurso, certa facilidade de dizer as coisas de modo simples e elegante. Quem ainda for estúpido o suficiente para achar que isso não é necessário, e que essa ordem vai imiscuir-se na linguagem e no rosto de cada um conforme ele passe alguns anos no Parlamento, é que não acompanhou os pronunciamentos dos deputados antes da votação do "impeachment". Sem educação, nada feito.

Não quero dizer que os atuais deputados, e nem mesmo a usurpadora da presidência, estejam em situação literalmente ilegítima só porque não sabem se expressar. Quem foi eleito, é juridicamente legítimo; mas que são tecnicamente desqualificados para exercer o cargo, está fora de dúvida. Isso quer dizer que, embora tenham seus mandatos garantidos pelos tribunais, nossas excelências não possuem autoridade pessoal. Por quanto tempo um país pode aguentar essa contradição entre direito formal e credibilidade pública? Não sei, mas temo que descubramos em breve.

RFalcon

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