No Brasil, como dizia o Cláudio Moura Castro, as pessoas não lêem o
que um autor escreve, mas as intenções que, baseadas nos seus interesses
subjetivos, lhe atribuem. Escrevo que a vítima de uma cusparada tem o
direito de se precaver contra o risco de contágio, ainda que mínimo, e
já aparecem dezenas de idiotas defendendo os aidêticos contra o
"ataque".
O analfabetismo funcional é a base de quase todos os juízos éticos circulantes no Brasil.
Uma vez fui visitar o meu amigo Antonio Santana, um negão
contrabaixista do conjunto do Cazuza, e ele não estava em casa. Chegou
dali a pouco, todo assustado.
-- Que foi, Antonio?
-- Pô, fui na festa do Cazuza e ele estava beijando todo mundo na boca. Saí correndo.
Isso foi um hediondo ataque aos aidéticos ou uma precaução elementar em caso de dúvida?
Neste país não se pode dizer NADA sem que surjam imediatamente
centenas de discussões totalmente alheias ao assunto, todas elas em
linguagem de retórica humanitária.
DITADURA DOS OFENDIDINHOS. Cem por cento dos enfezadinhos acham que
sugerir uma precaução contra a possibilidade de um contágio da Aids é
ser inimigo dos aidéticos, virtualmente um assassino. É uma forma de
demência, é claro, mas em certos meios se tornou moralmente obrigatória.
O de C
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