Algo que, entre pessoas cultas, nem seria preciso dizer, mas que no
Brasil soará até como um escândalo e um insulto, é que o liberalismo, na
sua acepção atual -- nascido da escola austríaca de economia --, não
faz parte da corrente central do pensamento mundial, é uma subcultura,
um departamento menor e limitadíssimo, seja na sua esfera de interesses,
seja na envergadura filosófica dos seus representantes. Nenhum
"pensador liberal" se elevou jamais às alturas de Husserl e Jaspers,
Scheler e Wittgenstein, Gabriel Marcel e tutti quanti. Nenhum deles
pode nem mesmo concorrer com os marxistas Georg Lukács, Ernst Bloch ou
Karl Korsch em densidade filosófica. Você pode passar a vida lendo
livros liberais e não se tornará por isso uma pessoa culta. Isso
dificulta um bocado o diálogo com liberais no Brasil, cada um deles
preso na sua esfera de "special interests", desconhecendo tudo em volta e
se achando o rei da cocada preta,
O de C
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