O papel de um escritor na origem dos grandes movimentos populares é
despertar potenciais de consciência que já estão latentes na sociedade e
que necessitam apenas encontrar a expressão verbal adequada para poder
manifestar-se à plena luz do dia. É óbvio que sua influência direta se
limita a grupos relativamente limitados de leitores, mas através destes,
e por mil e um canais que ele não controla, as fórmulas verbais que ele
encontrou acabam correndo de boca em boca e se tornando
"vox populi", inclusive entre pessoas que jamais ouviram falar dele.
Para perceber qual foi o meu papel na origem dos protestos populares,
basta fazer um "experimento imaginário" como recomendava Max Weber.
Suprima da história de 1990 a 2005 a ação do Olavo de Carvalho e
pergunte se o muro da hegemonia intelectual esquerdista teria ruído
mediante a ação de Constantios, Pondés, Azevedos e tutti quanti, que só
entraram em cena quando o serviço já estava feito e cujas críticas ao
sistema esquerdista sempre se limitaram aos seus aspectos mais
periféricos. O sr. Tirapani não tem a menor idéia do que seja influência
cultural. Imagina que para um escritor desencadear uma tranformação na
sociedade ele precisa ir de porta em porta distribuindo seus livros até
alcançar a maioria da população. Para avaliar o quanto o seu critério é
estúpido, basta perguntar quantos esquerdistas leram Karl Marx, ou
quantos russos insatisfeitos com o regime soviético leram Soljenítsin.
O de C
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