terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O papel de um escritor na origem dos grandes movimentos populares é despertar potenciais de consciência que já estão latentes na sociedade e que necessitam apenas encontrar a expressão verbal adequada para poder manifestar-se à plena luz do dia. É óbvio que sua influência direta se limita a grupos relativamente limitados de leitores, mas através destes, e por mil e um canais que ele não controla, as fórmulas verbais que ele encontrou acabam correndo de boca em boca e se tornando "vox populi", inclusive entre pessoas que jamais ouviram falar dele. Para perceber qual foi o meu papel na origem dos protestos populares, basta fazer um "experimento imaginário" como recomendava Max Weber. Suprima da história de 1990 a 2005 a ação do Olavo de Carvalho e pergunte se o muro da hegemonia intelectual esquerdista teria ruído mediante a ação de Constantios, Pondés, Azevedos e tutti quanti, que só entraram em cena quando o serviço já estava feito e cujas críticas ao sistema esquerdista sempre se limitaram aos seus aspectos mais periféricos. O sr. Tirapani não tem a menor idéia do que seja influência cultural. Imagina que para um escritor desencadear uma tranformação na sociedade ele precisa ir de porta em porta distribuindo seus livros até alcançar a maioria da população. Para avaliar o quanto o seu critério é estúpido, basta perguntar quantos esquerdistas leram Karl Marx, ou quantos russos insatisfeitos com o regime soviético leram Soljenítsin.

O de C

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