Privado de qualquer possibilidade de diálogo intelectual à altura dos
meus interesses, por absoluta ausência de interlocutores no panorama
acadêmico e midiático no Brasil de hoje,
e constantemente exposto, por outro lado, a maledicências grosseiras da
parte de delinqüentes caricatos como Julio Severo, Rodrigo Cocô,
Maestro Bagos, Veadascos, Paulo Porcão e inumeráveis outros, é mais
difícil do que vocês imaginam manter minha atenção concentrada nos altos
temas que leciono aos sábados e dos quais escrevo nos meus livros e
apostilas. Nada mais irônico, nesse quadro, do que os conselhos (nem
sempre bem intencionados) de que eu ignore essas baixezas por completo e
me encerre numa torre de marfim enquanto em volta milhares de
detratores enlameiam o meu nome impunemente, sem nem ao menos o temor de
um revide -- conselhos tão insensatos e impraticáveis que, com certeza
absoluta, nenhum de seus remetentes os seguiria se o nome achincalhado,
mesmo numa proporção dez mil vezes menor, fosse o dele e não o meu.
Num cálculo modesto, são mais de duzentas mil páginas de calúnias,
lendas urbanas e acusações insanas de toda sorte que circulam contra
mim, e mesmo respondendo-as em dose incomparavelmente menor, opondo
breves notinhas a destampatórios quilométricos e incessantes, acabo
sempre sendo eu o acusado (mesmo por pretensos amigos) de xingar, de
atacar, de "dividir", ou pelo menos de não me encastelar numa
indiferença olímpica, de ser mesquinho ao ponto de... prestar atenção
aos crimes que se praticam contra mim! A massa de ódio verbal aí já
alcançou as proporções de um fenômeno de patologia social jamais visto
antes em qualquer outra época e lugar.
Não tenho dúvidas que, se
parte dele nasce da espontânea hostilidade de analfabetos funcionais
ante quem tem algo a ensinar, outra parte, a maior, é uma operação de
larga escala calculada para promover, não somente o meu descrédito, mas a
destruição da minha psique. Operação que com certeza não terá o menor
sucesso, mas que me mantém ao menos num estado de permanente cansaço
físico e mental.
É também certo que um aspecto essencial da
operação é achincalhar os meus leitores, alunos e seguidores do FB,
rotulando-os de idólatras e fanáticos para me isolar, dissuadindo-os de
dizer uma palavra em minha defesa ou obrigando-os pelo menos a fazer
preceder de um humilhante "disclaimer" as palavras de defesa.
A
mera possibilidade de processar um décimo dos caluniadores e difamadores
é utópica, tão grande é o número deles, embora pequeno no confronto com
o número total dos meus leitores e seguidores FB.
Falar de coisas que os mais burros não compreendem é despertar neles
um desconforto, uma revolta, um ódio incontrolável. De tudo o que digo,
muitos só captam uma coisa: a morte
próxima da sua auto-imagem. Defendem-se dessa ameaça com a fúria de
ratos encalacrados no esgoto, mas, para não confessar que estão lutando
apenas em causa própria, dizem que estão defendendo a justiça social, o
Estado democrático de direito ou qualquer outra coisa bonitinha. Todos
sempre em luta, é claro, contra o fascismo.
É IMPOSSÍVEL defender-me de tantos ataques simultâneos, de tanta
maledicência acumulada. Seus autores sabem perfeitamente bem que,
incapazes de discutir a sério comigo, tentam vencer pelo número e pela
velocidade alucinante, sobrecarregando-me de mais acusações do que eu
poderia responder em dez anos, trabalhando full-time. Cada um deles, é
claro, se faz de inocente, fingindo acreditar que é o único, que é um
caso isolado, que portanto lhe devo a atenção de uma resposta detalhada,
além de polidíssima. O efeito global é sufocante, é desesperador. É um
estrangulamento de caráter.
É óbvio que estão usando contra mim a técnica da "'Death of a thousand cuts"
"If something is suffering the death of a thousand cuts, or death by a
thousand cuts, lots of small bad things are happening, none of which are
fatal in themselves, but which add up to a slow and painful demise."
Ninguém faz isso espontaneamente ou sem perceber.
Ainda mais impossível é lidar com essa situação e continuar tendo uma
produtividade intelectual à altura do que meus alunos e leitores
esperam. O objetivo da coisa toda, no fim das contas, é paralisar o meu
trabalho ou ao menos deteriorá-lo pouco a pouco.
Não conseguiram ainda, mas quem disse que vão parar?
O de C
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