sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Nos EUA os conservadores pó-de-arroz têm mais horror ao Donald Trump do que ao Obama. O Trump viola os seus códigos de polidez, desperta arrepios e gritinhos de "Ui ui!". Essa gente não vale o que peida.

Ninguém colabora mais que os conservadores para dar à esquerda o monopólio da linguagem agressiva. E mesmo lendo um pouco de Gramsci eles não entendem o que é engenharia da linguagem, nem muito menos a importância crucial que nela tem o aproveitamento das inibições verbais do adversário.

A linguagem presa na camisa-de-força de algum código de polidez e bom-mocismo é a marca inconfundível dos fracos e derrotados.

O Lula quebrou a espinha de toda essa gente mediante o simples expediente de xingá-la de coisas que ela se sentia envergonhada de revidar à altura. O petismo onipotente só começou a cair quando o povão, mais desinibido, começou a gritar "Vá tomar no cu!".

A grossura estudada do Lula aterrorizava os burgueses pó-de-arroz, que então corriam para puxar o seu saco.

Jamais conseguirei explicar a um americano, pelo menos da elite conservadora, a importância estratégica da linguagem de palavrões que adotei no Facebook, a qual, conforme o planejado, acabou por se alastrar por toda a sociedade, quebrando a magia tenebrosa do temor reverencial por trás do qual se abrigavam os comunolarápios. Palavrão, em inglês, é "profanity" ou "curse word", blasfêmia e maldição, coisa horrível que fere e põe em pânico as alminhas cândidas. No Brasil é gozação, esculacho, uma arma decisiva no combate à autoridade religiosa do mal.

Você pode discutir durante décadas com um bispo comunista da CNBB, denunciá-lo, citar contra ele todos os Santos Padres e cada palavra do Código de Direito Canônico, e ele continuará no seu posto, impávido colosso, deleitando-se na solenidade do cargo e olhando você de cima para baixo. Mande-o tomar no cu, em público, e tudo isso acaba em dois segundos.

Nos EUA só quem diz palavrões é a esquerda. Basta isso para explicar por que os conservadores, mesmo quando têm maioria, estão sempre em desvantagem. Amarrar o adversário na camisa-de-força de uma inibição lingüística é um TRUQUE MORTAL.

Quem acha que digo palavrões por um impulso instintivo e irrefreável só mostra que é um analfabeto funcional. Sou um ESCRITOR, caraio, alguém que, por definição, não usa NENHUMA palavra sem premeditação. Mas quem, no Brasil de hoje, sabe o que é um escritor?

O Brasil está repleto de pessoas escreventes que não conseguem sequer expressar seus sentimentos e impressões com alguma precisão, quanto mais calcular o efeito social do que dizem. Se tivessem um pingo de engenharia verbal, meus detratores já teriam acabado com a minha reputação faz tempo. Escrevendo como escrevem, só conseguem me encher o saco e arruinar-se a si próprios.

Farsantes devem ser enforcados com o próprio manto de respeitabilidade solene do qual se revestem.

Nos filmes de Hollywood, em cada três palavras duas são "fuck". É isso o que isola e debilita os conservadores.

Lênin já sabia que, na política, quem xinga mais sempre leva vantagem.

Num discurso recente o Trump usou duas vezes a palavra "fucking". Foi uma onda de chiliques que não parou até agora.


O de C

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