quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Conversa telefônica em Minas.


Uma pessoa pede algo a uma vizinha que de antemão sabe ser dificultoso. A que faz o pedido por um pequeno serviço de costura entremeia-o de múltiplas desculpas em virtude do prazo desejado para a entrega - precisava da roupa pronta para o dia seguinte à noite, um domingo. Às primeiras palavras de recusa da costureira, a que solicitou o serviço repete as mesmas desculpas do começo da conversa, a que a interlocutora reage, dizendo que "com algum esforço, seria possível fazer a costura no tempo demandado", etc. 

Neste ponto da conversa, que corresponde à sua metade, ambas sabem que o reparo da roupa já não ocorrerá. A costureira espera que a outra entenda sua recusa e reitere os seus pedidos de desculpas e, finalmente, desista do pedido, mesmo dizendo que poderia fazer o serviço com algum esforço. A solicitante, por outro lado, para não parecer rude, faz exatamente isto, em duas rodadas de conversa a partir do momento em que a costureira passa da simples recusa ao oferecimento protocolar, formulado para ser rejeitado.

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