É claro que ninguém vai entender coisa nenhuma da minha alma por meio
de adivinhações pejorativas ao estilo Rodrigo Cocô e Tirapani. Nem eu
imaginei jamais que essas criaturas tivessem, seja a intenção, seja a
maturidade requerida para me entender. Também é fato que pouco se saberá
da minha vida interior pelos esparsos fragmentos autobiográficos que
espalhei pelo Facebook, quase todos eles de natureza humorística. Mas os
raros poemas que escrevi revelam, com certeza, alguma coisa.
Bruno Tolentino foi o maior poeta da língua portuguesa em muitos
séculos, e o primeiro livro que se publicou sobre ele no Brasil foi uma
curiosidadezinha biográfica a respeito de um caso homossexual que ele
teve na Inglaterra. Isso revela TUDO sobre o estado mental da sociedade
brasileira.
No Brasil não se discutem idéias, aliás nem pessoas. Discutem-se
lendas urbanas e fofocas. Essa tendência sempre existiu neste país, mas
agora ela domina integralmente o cenário mental nacional. Crítica
literária, hoje, consiste em averiguar quem comeu quem.
A mais recente e popular lenda urbana colocada em circulação pelos
meus detratores é a de que participei de surubas na tariqa do Schuon.
Não há baixeza, não há sordidez, não há fantasia porca em que essa gente
não se enlameie com prazer indescritível.
O de C
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