A frase de Cristo precisa ser adaptada ao Brasil: "na verdade, amais o
que devíeis desprezar, e desprezais o que devíeis amar". Brasileiro não
odeia nada, porque odiar é feio; então simplesmente finge inexistir
tudo aquilo que lhe desagrada -- isto é, as coisas que importam. Quanto
aos assuntos e pessoas mais irrelevantes do universo, ah, isso é sempre
matéria de vida ou morte, capa de jornal, assunto de todos os blogs.
Atribuí de passagem uma frase a Cristo, num texto informal de um
parágrafo cujo tema era a obsessão do brasileiro por detalhes
irrelevantes e sua completa falta de interesse pelas coisas que
importavam. Apareceu uma discussão nos comentários sobre se o autor da
frase seria Cristo mesmo, e onde a teria dito. O interesse é SEMPRE no
"quem, como, onde", nunca no "quê". QUOD ERAT DEMONSTRANDUM.
O brasileiro médio tem desprezo pelo conhecimento e, por isso, basta
falar algo com seriedade para ele se esquivar do assunto com duplos
sentidos, anedotas, etc. O brasileiro inteligente, não: ele se orgulha
de, diante de qualquer idéia, ignorá-la completamente em favor de
aspectos acidentais da comunicação, aos quais ele atribui uma
importância desproporcional e até histérica. Isso é o melhor que você
vai encontrar nas universidades. Mais nada.
RFalcon
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