sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Se, excetuados alguns poucos homens honestos, em número demasiado reduzido para empreender qualquer ação significativa, os políticos, juízes e altos funcionários perderam todo senso do dever e da utilidade pública, então, com certeza, não se curvarão a nenhuma autoridade moral, mesmo na improvável hipótese de que alguma venha a surgir do nada. Submetê-los e obrigá-los a fazer o bem pela força é igualmente impossível, pelo simples fato de que aquilo que não existe nada impõe. Que o próprio povo se erga e se autoconstitua como autoridade moral é improvável, já que boa parte da energia do movimento popular foi desviada em benefício da classe política. Só resta então uma saída: homens corrompidos só obedecem ao corruptor. O que deve seguir-se nos próximos meses é uma disputa de poder, não sei se feroz ou branda, entre duas grandes quadrilhas ou esquemas de corrupção. Para sobreviver, mesmo em condições humilhantes, a quadrilha que hoje está no governo terá de fazer grandes concessões à sua concorrente, ao mesmo tempo que ambas se esforçam para reforçar o controle que exercem sobre a população.

A candidatura Bolsonaro e a Operação Lava-Jato são duas sementes -- nada mais que sementes -- de uma possível autoridade moral. Suas fontes de sustentação constituem-se apenas de uma opinião pública difusa e de parte das autoridades policiais. A atitude das Forças Armadas é ainda uma incógnita.

O de C

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