quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Pergunta crucial: Ao ler um texto ou ouvir alguém falando, você sabe distinguir se é um discurso vindo direto da experiência interior real ou apenas um arranjo de palavras oportunas? Isso é a habilidade MAIS IMPORTANTE na vida cultural.

Não desprezo os puros artífices, mas com eles aprendemos apenas poesia, não realidade.

É isso o que distingue um GRANDE poeta como Manuel Bandeira de hábeis artífices como Olavo Bilac, João Cabral de Melo Neto ou Guilherme de Almeida.

Segundo Aristóteles, a poesia é mais verdadeira que a História. Esse deve ser o critério de julgamento de toda poesia.

Caminho das pedras:
1) A poesia é "expressão de impressões" (Benedetto Croce)
2) O que distingue o escritor são as "impressões autênticas" (Saul Bellow)
3) Conclusão: a poesia é a expressão verdadeira de uma impressão autêntica.

O poeta pode ser julgado por três critérios:
1) A impressão genuína.
2) A veracidade da expressão.
3) A amplitude ou estreiteza do universo de impressões.
Quanto ao último ponto, muitos leitores brasileiros têm o vício de preferir as poesias que expressam a impressão DELES, a mais próxima, a mais cotidiana. Mas Shakespeare expressa as impressões de uma humanidade inteira que vive dentro dele.

Muitos estão perguntando COMO distinguir entre o genuíno e o artificioso. Só há um modo: Aprendendo você mesmo a falar desde a sua experiência genuína.

Por exemplo: Perguntando (1) Eu realmente SEI isso que estou dizendo ou só ouvi falar e achei bonito? (2) Para quê, com que utilidade estou dizendo o que digo? (3) Se eu não tivesse meios de dizer a ninguém o que estou pensando, continuaria a acreditar no que pensei e a segui-lo como orientação na minha própria vida, sem que ninguém mais o soubesse?
P. S. Leia a minha apostila "Inteligência, verdade e certeza".

Resumindo: Se eu estivesse sozinho em uma ilha, sem possibilidade de sair dela, continuaria ainda a seguir as idéias que ando espalhando por aí?

O de C

  

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