Qualquer leitor meu habitual sabe que, excetuado o domínio da pura
metafísica, onde não se pode fazer de outro modo, DETESTO discorrer "em
tese", no plano puramente teórico-doutrinal, e mais ainda no normativo.
Meus escritos são (1) de ordem METODOLÓGICA e não doutrinal, (2)
interpretações de textos filosóficos clássicos, (3) aplicações dos
conceitos metodológicos à análise de alguma situação concreta. Até hoje
me pergunto como seria possível construir uma "ideologia" com esses
elementos.
A característica fundamental das ideologias é o seu caráter
normativo, a ênfase no “dever ser”. Todos os demais elementos do seu
discurso, por mais denso ou mais ralo que pareça o seu conteúdo
descritivo, analítico ou explicativo, concorrem a esse fim e são por ele
determinados, ao ponto de que as normas e valores adotados decidem
retroativamente o perfil da realidade descrita, e não ao inverso.
Quando você lê um post meu no Facebook, é importante que conheça no
mínimo a fila inteira dos que o antecederam imediatamente, às vezes até
alguns mais remotos sobre o mesmo assunto, caso contrário vai entender
tudo errado.
Por exemplo, como analisei primeiro os contras e depois
os prós da "intervenção militar", até hoje os adeptos dela acham que
sou seu inimigo, e os inimigos acham que sou adepto. Quem acompanhou a
coisa inteira entende que NÃO tenho posição a respeito (no mínimo porque
não cabe a mim dizer o que os militares devem fazer) e estava apenas
tentando analisar objetivamente o jogo de forças.
Nesse sentido, É ÓBVIO, por um lado, que a intervenção militar tem
base constitucional (demonstrei isso na discussão com o Reinaldo
Azevedo) e que, por outro lado, sua realização é problemática e com
resultados provavelmente negativos. Isso é pró ou é contra? Porque acho
um empreendimento dificultoso e encrencado devo também proclamar que ele
é inconstitucional? Ou, ao contrário, por achar que ele é
constitucional devo jurar também que terá bons resultados? Essa turma
hoje não sabe pensar, só sabe "tomar posição".
"Tomar posição" contra ou a favor de meras hipóteses é como apostar
num cavalo que não está no páreo. Posição só se toma em face de
movimentos reais, ativos, em andamento. Hipóteses só podem ser
ANALISADAS. Quem acha que isso é "ficar em cima do muro" é burro demais
para que eu lhe conceda atenção.
Ignorantes só acertam quando têm uma especial inspiração divina. O problema é que no Brasil todos acham que têm.
O de C
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