terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Qualquer leitor meu habitual sabe que, excetuado o domínio da pura metafísica, onde não se pode fazer de outro modo, DETESTO discorrer "em tese", no plano puramente teórico-doutrinal, e mais ainda no normativo. Meus escritos são (1) de ordem METODOLÓGICA e não doutrinal, (2) interpretações de textos filosóficos clássicos, (3) aplicações dos conceitos metodológicos à análise de alguma situação concreta. Até hoje me pergunto como seria possível construir uma "ideologia" com esses elementos.

A característica fundamental das ideologias é o seu caráter normativo, a ênfase no “dever ser”. Todos os demais elementos do seu discurso, por mais denso ou mais ralo que pareça o seu conteúdo descritivo, analítico ou explicativo, concorrem a esse fim e são por ele determinados, ao ponto de que as normas e valores adotados decidem retroativamente o perfil da realidade descrita, e não ao inverso.

Quando você lê um post meu no Facebook, é importante que conheça no mínimo a fila inteira dos que o antecederam imediatamente, às vezes até alguns mais remotos sobre o mesmo assunto, caso contrário vai entender tudo errado.
Por exemplo, como analisei primeiro os contras e depois os prós da "intervenção militar", até hoje os adeptos dela acham que sou seu inimigo, e os inimigos acham que sou adepto. Quem acompanhou a coisa inteira entende que NÃO tenho posição a respeito (no mínimo porque não cabe a mim dizer o que os militares devem fazer) e estava apenas tentando analisar objetivamente o jogo de forças.

Nesse sentido, É ÓBVIO, por um lado, que a intervenção militar tem base constitucional (demonstrei isso na discussão com o Reinaldo Azevedo) e que, por outro lado, sua realização é problemática e com resultados provavelmente negativos. Isso é pró ou é contra? Porque acho um empreendimento dificultoso e encrencado devo também proclamar que ele é inconstitucional? Ou, ao contrário, por achar que ele é constitucional devo jurar também que terá bons resultados? Essa turma hoje não sabe pensar, só sabe "tomar posição".

"Tomar posição" contra ou a favor de meras hipóteses é como apostar num cavalo que não está no páreo. Posição só se toma em face de movimentos reais, ativos, em andamento. Hipóteses só podem ser ANALISADAS. Quem acha que isso é "ficar em cima do muro" é burro demais para que eu lhe conceda atenção.

Ignorantes só acertam quando têm uma especial inspiração divina. O problema é que no Brasil todos acham que têm.

O de C



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