quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Das coisas mais que esperadas. Fulano vem me corrigir fraternalmente, em privado, sobre a minha vaidade de expor no facebook parte das meditações que venho fazendo com a leitura das Confissões, de Santo Agostinho. Agradeço a preocupação, mais do que compreensível e aceitável. Há vaidade mesmo, é óbvio. Pergunto se ele havia parado para considerar a hipótese de que eu talvez houvesse pesado isso e, apesar dela, ter decidido seguir adiante no propósito por razões outras, talvez mais importantes do que minha vaidade, mesmo sabendo perfeitamente que muitos nada vaidosos facilmente reduziriam tudo a isso: vaidade, nada mais do que vaidade. Não havia pensado, achava que eu estava cego.
Perguntei, então, se ele sabia que outras razões poderiam ser essas. Não saberia dizer, precisaria me conhecer melhor. Perguntei, portanto, o quanto ele me conhecia. Quase nada, só de me acompanhar pelo facebook e do que outros disseram a meu respeito. Perguntei se ele conhecia uma frase famosa de Santo Agostinho: "Não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade ou a malícia." Não conhecia. Perguntei se ele tinha certeza da sua motivação na correção que me fazia. Respondeu esperar que fosse bondade, caridade. Perguntei, por fim: "e se houver vaidade misturada com a bondade, ainda assim viria me corrigir?" Disse que sim, achava que sim.
Agradeci novamente e pedi licença, pois estava na hora de fazer a meditação de hoje, deixando-o à vontade para me corrigir fraternalmente em público, se o quisesse, já que eu não irei parar por causa, e apesar, da minha vaidade e tinha certeza que a vaidade dele também não o impediria a tanto, afinal, ele estava certamente bem intencionado.

O de C

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