segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O adolescente é aquele que já percebe os defeitos dos adultos em redor, e intui seu próprio potencial para superá-los, mas ainda está atado pela obrigação de sujeitar-se a eles e pela impotência de quem mal chegou ao mundo. Esse é essencialmente o seu drama, e a depender de como ele o resolve, pode tornar-se um grande homem ou uma caricatura invertida e trágica da mediocridade que ele rejeita.

Há algo que os pais possam fazer para ajudar na resolução positiva desse drama?
Rafael Falcón
Rafael Falcón Tratar os filhos como adultos ignorantes, não como crianças metidas a besta. O que é mais necessário ao adolescente é um bom conjunto de mentores compreensivos, sejam eles pais, professores, quanto mais, melhor.
 
A geração passada manifestou sua rebeldia juvenil de modo puramente epidérmico, por meio dos movimentos contraculturais, do rock, etc. Viraram isso que estamos cansados de ver. Falando objetivamente, não é um bom exemplo a seguir.

Creio que uma adolescência saudável consista no convívio dialético permanente de dois fatores:
1) A recusa a aceitar a mediocridade reinante; a insistência em entender a fundo tudo o que me causa revolta; a transformação dos meus dramas numa verdadeira jornada intelectual e existencial.
2) A atitude geral de perdão a todos os erros e defeitos das pessoas, e especialmente das que têm poder sobre mim. Aceitar que o mundo pós-adâmico é o reino do demônio, que ignorância e injustiça se espalham por necessidade cósmica, não por culpa exclusiva dos indivíduos.
Numa palavra, a aceitação dos deveres próprios da juventude, mas acompanhada da aguda consciência de que os adultos também se enganam. Esse equilíbrio resulta numa ação obediente, mas insatisfeita; respeitosa, mas emulativa; ambiciosa, mas paciente; piedosa, mas audaz.

RFalcon

 

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