sábado, 20 de fevereiro de 2016

Uma vez provado que a Pepsi-Cola não usou fetos abortados "como" adoçante, e sim "no processo de fabricação" do adoçante -- uma diferença essencial e decisiva, sobretudo do ponto de vista dos fetos --, cai por terra a tese fundamental da filosofia do Olavo de Carvalho e toda a sua obra vai para o ralo.
Essa é uma das lições mais importantes que a molecada aprende hoje nas universidades brasileiras.

Quando os estudantes esquerdistas da MINHA geração chegaram ao poder, transformaram o país num favelão sangrento. Mas eles ainda sabiam ler ao menos um pouquinho. Imaginem o que virá quando chegar ao poder a geração do dr. Pirrôla.

Ernst Mach e Albert Einstein disseram que a visão heliocêntrica e a geocêntrica dos movimentos celestes são igualmente válidas. Mas, se eu digo a mesma coisa, fica provado não só que contestei Mach e Einstein, mas que sou uma besta quadrada.
Sem saber isso, ninguém merece um DIPROMA.

No meu tempo os estudantes de ciências eram mais sérios que os de letras, porque escolhiam a faculdade por interesse genuíno. Hoje é o oposto, por uma razão muito simples: a turminha vai para as faculdades de ciências porque um analfabeto funcional, incapaz de apreender nuances e desesperadamente necessitado de significações literais, compreende mais facilmente um manual de química do que "Guerra e Paz".

Macaquear é preciso: Tem aí um cidadão dizendo que meus alunos e leitores só gostam do que escrevo porque são vítimas do "socioconstrutivismo"...
Com certeza Miguel Reale, Herberto Sales, Carlos Heitor Cony, Nélida Piñon, J. O. de Meira Penna e outros admiradores da minha obra só entraram na escola durante o governo FHC.

Se você isolar abstrativamente o sistema solar do resto do universo, terá às vezes a impressão de que a Terra gira em torno do Sol, às vezes a impressão oposta. É por isso que, geometricamente, os dois sistemas funcionam. É óbvio que essa questão, portanto, não pode ser decidida na pura escala do sistema solar. E tão logo partimos para uma escala maior surge a questão do centro de massa, cuja solução eu e a torcida do Flamengo ignoramos.

Newton nunca disse que os objetos mais leves giram em torno dos mais pesados. Disse que todos giram em torno do CENTRO DE MASSA. Como não sei onde fica o centro de massa da porra do universo, não sei também o que está girando em torno do quê, e, enquanto aguardo para os próximos milênios a solução desse probleminha, considero o debate heliocentrismo versus geocentrismo provisoriamente indecidível, o que com certeza me torna um fanático religioso geocentrista.

Quando digo que uma questão é INDECIDÍVEL, estou afirmando, taxativamente, que NÃO TENHO NENHUMA OPINIÃO A RESPEITO; que, por maior que seja o meu interesse no assunto, e aliás por isso mesmo, deixo todas as opiniões em suspenso até maiores esclarecimentos, que talvez não venham no prazo de uma vida.
Mas basta eu afirmar isso e já aparecem milhares de pirrôlas, bagos e tutti quanti contestando a opinião que acabo de dizer que não tenho, como se não apenas eu a tivesse mas a defendesse com ardor fanático.
Como explicava o Cláudio Moura Castro -- o melhor comentarista de educação que já houve na mídia nacional --, no Brasil as pessoas não lêem o que está escrito, mas o que gostariam de pensar que é a intenção secreta do autor. Como não entendem o que está escrito, interpretam o que não está.
O raciocínio subentendido na mente do analfabeto funcional que assim procede é que não ter uma opinião quando ele tem uma equivale a contestá-la, a negá-la peremptoriamente. Por esse simples fenômeno nota-se o quanto o ensino universitário deste país desconhece a idéia mesma de debate científico ou filosófico, a qual depende, na raiz, da suspensão provisória do juízo. Entusiastas do heliocentrismo, do evolucionismo, da física einsteiniana ou do aquecimento global não podem nem mesmo admitir que exista algum debate a respeito, pois isso implicaria colocar em dúvida as certezas inabaláveis que adquiram desde o ginásio. Para preservar essa certeza, abstêm-se cuidadosamente de informar-se a respeito de possíveis teses adversárias, e assim fazem da ignorância mais patética o fundamento da "autoridade científica" em que repousa a sua segurança intelectual e até existencial. Por exemplo, quando eu era adolescente, li o livro de George Gaylord Simpson, "The Meaning of Evolution", e me tornei um evolucionista devoto. Mais tarde, porém, li outros livros -- de Giuseppe Sermonti, de Michael Behe, de David Berlinski -- e entendi que só havia duas maneiras de sair da dúvida: (a) tornar-me um gênio da biologia e resolver todas as dificuldades; (b) optar por um dos partidos na base da pura simpatia e defendê-lo até à morte. Não tendo vocação para a primeira alternativa nem sendo vigarista o bastante para me contentar com a segunda, convivo perfeitamente bem com a dúvida até hoje, mas basta eu dizer que ela existe e os entusiastas do darwinismo já me enquadram no partido inimigo, achando que se não derem cabo da minha pessoa estarão prestando um grave desserviço à memória de Darwin.
É claro que, na totalidade dos casos, esses indivíduos não são gênios da biologia, não resolveram nenhuma das dificuldades e em geral nem tomaram conhecimento de que elas existem.
Por favor, entendam que não estou "brigando" com ninguém. Estou falando de um problema alarmante, medonho, temível. O analfabetismo funcional endêmico entre estudantes e jovens professores universitários é o problema MAIS GRAVE dentre todos os que empesteiam o nosso país no momento. Dentro de dez, vinte anos, esses meninos serão senadores, deputados, governadores, juízes, e a estupidez geral que reina na nossa vida pública, com todo o seu cortejo de fracassos e misérias, terá evoluído para a barbárie pura e simples.

Até agora ninguém respondeu ao desafio do Dr. Robert Sungenis, que oferece US$ 100.00,00 a quem apresentar uma prova experimental do heliocentrismo. No Brasil deve haver pelo menos duzentas mil pessoas que se acreditam habilitadas a vencer esse concurso com um pé nas costas, mas não participam dele porque acham isso indigno das suas altas qualificações científicas...

Uma vez desafiei um evolucionista empombadissimo a ler e contestar ponto por ponto o livro do Dr. Vij Sodera, "A Little Speck to Man". Ofereci até enviar-lhe o livro de presente. Ele respondeu que não lia inglês...

A idéia de considerar hipóteses alternativas antes de firmar uma conclusão é desconhecida na universidade brasileira. Quando você a sugere, mesmo educadamente, todos ali sentem uma revolta profunda, que os queima desde as entranhas.

No Brasil, pesar argumentos contraditórios é fanatismo religioso.

David Luiz Dos Anjos Eduardo Heringue qual a diferença de verdade absoluta e verdade universal?

Só por curiosidade. Desde já agradeço.
· 7 h
Olavo de Carvalho
Olavo de Carvalho Absoluto quer dizer irrefutável, indestrutível. Universal quer dizer válido para todo tempo e lugar, mas não necessariamente irrefutável.
David Luiz Dos Anjos


Mal acabam de descobrir as tais ondas gravitacionais, e a turma já pede a minha opinião a respeito. Vocês têm idéia de quanto tempo eu levo para formar opinião sobre coisas dessa ordem?

Se todo o problema da educação nacional fosse a pura "doutrinação", uma campanha de propaganda bem conduzida bastaria para resolvê-lo. Mas os alunos das escolas brasileiras -- do primário à universidade -- não saem dali "doutrinados", isto é, imbuídos de um corpo de teorias, mesmo falso. Saem mentalmente deformados, transformados em aleijões intelectuais e morais repugnantes, verdadeiros diabinhos que se comprazem em pensar e fazer o errado.
Mais uma vez o dr. Pirrôla se oferece gentilmente para ser o símbolo condensador da deformidade psíquica da sua geração. Ele confessa que adotou o apelido "Pirula" quando soube que em finlandês essa palavra (grafada "pirulla") significa "diabo" e é empregada precisamente para designar pessoas que escolhem conscientemente fazer o que sabem que é errado. O prazer que ele e toda a sua turminha -- Maestro Bagos, Lola Barangovitch e tutti quanti -- obtêm nisso é patente, mas o fato de que seus vídeos tenham audiência e aplausos mostra que não se trata de fenômeno isolado e sim de um sintoma geracional.
"Doutrinação", perto disso, é água-com-açúcar.


A educação nacional não é "doutrinação": é iniciação diabólica.

Apegar-se a detalhes irrelevantes para impedir-se de compreender o óbvio é uma das características mais salientes do analfabeto funcional. Tem aí um cidadão alegando que o dr. Pirrôla adotou o apelido primeiro e só soube do significado depois. Talvez, mas, se o conservou depois que soube o significado e ainda se gaba disso em público, isso equivale a uma carteira de identidade psíquica. É isto o que está em pauta, e não a cronologia dos eventos.
Outro alega que o dr. Pirrôla é um bom rapaz, mas teve uma infância difícil, coitadinho. Já alegaram isso até do Champinha.

"Nenhum experimento jamais demonstrou que a Terra se move." (Albert Einstein, 1949)
E sou eu quem está "contestando Einstein", não é mesmo?

Newton admitia que um sistema geocêntico poderia ser verdadeiro caso houvesse em ação outras forças além da gravidade.
Mas sou eu quem está "contestando Newton", não é mesmo?

Galileu abjurou do sistema heliocêntrico -- não perante o Tribunal da Inquisição, mas muito tempo depois, logo antes de morrer. O documento em que ele faz essa declaração permaneceu escondido até 1989! "A falsidade do sistema copernicano não pode ser contestada por ninguém", diz ele.

Na controvérsia heliocentrismo-geocentrismo, as variáveis são tantas que, diante dela, só tenho dois meios de me livrar da dúvida: (a) torno-me um gênio da astrofísica e resolvo todas as dificuldades; (b) aposto às cegas num dos partidos e o defendo até à morte. Similarmente ao que acontece na discussão do evolucionismo, não tenho vocação para a primeira alternativa nem sou vigarista o bastante para aceitar a segunda. Portanto convivo pacificamente com a dúvida há muitas décadas e não acredito que a humanidade esteja com a respiração suspensa à espera de que eu resolva a questão.

Deveria haver limites para a escrotidão, mas já foram transpostos. A última dos pirrôlas é fingir que geocentrismo é teoria da terra plana e, demolindo esta última com a facilidade de quem peida, cantar vitória sobre o geocentrismo. Não há latrina, não há esgoto onde essa gente não afunde e se lambuze com gritinhos de prazer.

Qualquer que venha a ser o desenlace das futuras discussões sobre heliocentrismo e geocentrismo, uma coisa é historicamente certa: o heliocentrismo JÁ perdeu seus títulos de direito ao monopólio da verdade e hoje concorre com o seu antagonista em igualdade de condições. Isso quer dizer que TUDO o que conhecemos a respeito é o enunciado de uma contradição que não sabemos resolver.

Outra certeza histórica inabalável: a Igreja, depois de alguma relutância, aceitou o heliocentrismo com um espírito de tolerância muito maior do que muitos heliocentistas, hoje, sabendo que sua teoria não é eficazmente sustentada por nenhuma prova experimental, se dispõem a encarar a hipótese geocêntrica com a dignidade que ela merece. A classe científica é muito mais apegada aos seus mitos fundadores do que a cristandade jamais o foi a idéias cosmológicas deduzidas da sua fé.

S. Roberto Belarmino prontificou-se a discutir com Galileu com muito mais presteza do que qualquer heliocentrista, hoje, aceita discutir com o dr. Robert Sungenis.

O de C




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