sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A MAIS GRAVE distorção da inteligência humana é substituir pelo raciocínio matemático a análise lógica das coisas reais. A matemática só pode ser utilmente aplicada às coisas reais DEPOIS que estas foram analisadas e conceitualizadas corretamente. Ora, a análise lógica das coisas reais, por sua vez, pressupõe toda uma constelação de faculdades cognitivas operando em harmonia -- percepção, memória, imaginação, sentimento, vontade --, ao passo que o raciocínio matemático exige apenas... a capacidade de raciocinar matematicamente -- uma habilidade setorial que os computadores podem imitar com perfeição e às vezes com vantagem. A inteligência enquanto tal, na plenitude das suas funções, não pode ser substituída por uma das suas variedades em especial sem que o quadro cognitivo inteiro seja deformado, assim como a saúde do corpo enquanto totalidade não pode ser substituída pela mera integridade de um órgão em particular. Leibniz já ensinava que todas as medições e cálculos do mundo, por mais exatos que sejam, não podem nos dizer o que uma coisa É. Um conceito consiste exatamente em dizer o que uma coisa é, e, se você não tem o conceito adequado, todas as suas medições e cálculos a respeito serão uma construção imaginária em cima de uma base também imaginária, muito provavelmente falsa. Pessoas de inteligência deformada, incapazes de um adequado trato cognitivo com o real, podem apegar-se à sua habilidade especial e fazer dela um fetiche, fingindo possuir um conhecimento superior e mais ou menos esotérico, justamente para camuflar a sua incapacidade de conhecer. Isso acontece até entre cientistas e filósofos de prestígio, quanto mais entre seus macaqueadores subdesenvolvidos.

O de C

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