A MAIS GRAVE distorção da inteligência humana é substituir pelo
raciocínio matemático a análise lógica das coisas reais. A matemática só
pode ser utilmente aplicada às coisas reais DEPOIS que estas foram
analisadas e conceitualizadas corretamente. Ora, a análise lógica das
coisas reais, por sua vez, pressupõe toda uma constelação de faculdades
cognitivas operando em harmonia -- percepção, memória, imaginação,
sentimento, vontade --, ao passo que o raciocínio matemático exige apenas...
a capacidade de raciocinar matematicamente -- uma habilidade setorial
que os computadores podem imitar com perfeição e às vezes com vantagem. A
inteligência enquanto tal, na plenitude das suas funções, não pode ser
substituída por uma das suas variedades em especial sem que o quadro
cognitivo inteiro seja deformado, assim como a saúde do corpo enquanto
totalidade não pode ser substituída pela mera integridade de um órgão em
particular. Leibniz já ensinava que todas as medições e cálculos do
mundo, por mais exatos que sejam, não podem nos dizer o que uma coisa É.
Um conceito consiste exatamente em dizer o que uma coisa é, e, se você
não tem o conceito adequado, todas as suas medições e cálculos a
respeito serão uma construção imaginária em cima de uma base também
imaginária, muito provavelmente falsa. Pessoas de inteligência
deformada, incapazes de um adequado trato cognitivo com o real, podem
apegar-se à sua habilidade especial e fazer dela um fetiche, fingindo
possuir um conhecimento superior e mais ou menos esotérico, justamente
para camuflar a sua incapacidade de conhecer. Isso acontece até entre
cientistas e filósofos de prestígio, quanto mais entre seus
macaqueadores subdesenvolvidos.
O de C
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