terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Deveria ser óbvio e auto-evidente, para todo principiante no estudo da literatura, que, se um autor só publicou livros a partir de determinada data, tudo o que ele fez antes são apenas etapas de um aprendizado, que pode ter sido longo, sinuoso e repleto de contradições, e não partes integrantes da sua obra ou expressões do seu pensamento maduro. Mais óbvio ainda deveria ser que tanto os lances dessa formação embrionária quanto, depois disso, ditos ocasionais proferidos aqui e ali e não recolhidos em livro não representam o seu pensamento formal e acabado e que, se podem ser usados como detalhes biográficos adicionais para a compreensão da sua obra, jamais podem prevalecer sobre o estudo direto desta última, nem muito menos substituí-lo, dispensando-o.
Por isso é que tenho a CERTEZA de que, de todos os meus pretensos críticos, nenhum tem ainda sequer a envergadura intelectual de um principiante no estudo da literatura. Alguns não alcançarão essa estatura jamais. Outros, talvez em vinte ou trinta anos.
Não digo isso com um intuito qualquer de autodefesa, que é totalmente desnecessária, mas como testemunho direto de um fenômeno cultural dos mais alarmantes, que já basta, por si, para atestar um estado de inépcia geral e endêmica no qual já se entrevê a razão suficiente da debacle política e do fracasso nacional em todos os domínios.


Se cinqüenta por cento dos formandos das nossas universidades são analfabetos funcionais, é óbvio que também o são cinqüenta por cento dos jovens professores universitários, jornalistas, políticos e formadores de opinião em geral. E aonde os entusiastas das "novas gerações" pretendem chegar, aonde pretendem que o país chegue por meio de um debate público entre analfabetos funcionais?

A expressão mais pura da cultura nacional do momento é aquela moça que, num vídeo do Youtube, complica o que não entende e pronuncia "strogonoff" GOSTREFENOFF. A estupidez nunca é simplória.

A fórmula é: Se você não entende alguma coisa, complique-a. Pelo menos dá uma impressão de requinte.

Sto.Tomás ensinava que não há ação sem agente. O problema não é COMO resolver os problemas nacionais. O problema é: QUEM vai resolvê-los?


O de C



Nenhum comentário:

Postar um comentário