quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Quando falei, no Arquitetura Digital, que um empreendedor tinha de ter "coragem de ser medíocre", alguns alunos perguntaram se na "vida intelectual" também era assim. Obviamente, não era o lugar de falar nisso, ainda mais com a quantidade de conteúdo que tínhamos que discutir naquela aula.
Que diabos vocês entendem por "vida intelectual"? Na vida de estudos, é EVIDENTE que você precisa começar por baixo, como em qualquer outra atividade. Se já quer chegar sendo um sábio, vai virar um palhaço, um farsante. Falei sobre isso na segunda aula do Curso de Latim Online: exija de si mesmo o que você pode dar, e não o que você acha que deveria poder.
Agora, se por "vida intelectual" você entende "vida pública", não, não existe NENHUMA desculpa para você sair ensinando e pontificando sobre um assunto que não estudou, ou sem ter as condições mínimas para estudá-lo. O empreendedor não pode ganhar experiência sem agir, mas o intelectual pode começar seu treinamento sem falar em público. O que ele ganha ao começar uma carreira exterior é apenas prática no debate e na expressão. A diferença é patente.

Os requisitos da atividade intelectual são os mais exigentes, logo depois da atividade pastoral. Não é coisa pra criança ou aventureiro. Se não tem vocação pra isso, guarde seus estudos pra si mesmo.

É parecido com uma competição ou guerra, mesmo. É o tudo-ou-nada. Na vida do empreendedor, por outro lado, você pode passar anos trabalhando e crescendo sem entrar nessa dimensão pública, do vale-tudo, etc. A não ser, é claro, que você se jogue na guerra por meio da publicidade agressiva. Aí a decisão foi sua.


Leonardo Bartel Aquele que ensina assume uma responsabilidade enorme para com seus alunos. Ensinar aquilo que não se sabe é charlatanismo. Então não é "perfeccionismo" a preocupação com a qualidade do conhecimento antes de lançar o produto, no caso de um curso. Isso parecia evidente para mim, o que me fez desconfiar da validade da "coragem de ser medíocre" para empreendimentos culturais. Obrigado, prof. Rafael Falcón, por esclarecer este ponto.
Rafael Falcón
Rafael Falcón O conselho é válido para empreendimentos culturais. Uma coisa não interfere na outra. Se você estivesse vendendo sapatos defeituosos, isso não seria uma questão de perfeccionismo, e sim de propaganda enganosa. Com cursos é a mesma coisa.
Leonardo Bartel
Leonardo Bartel Desculpe a ignorância, mas agora eu não entendi. Em que sentido podemos ter coragem em sermos medíocres em relação a cursos? Ou estes empreendimentos são diferentes do que o prof. menciona como vida intelectual enquanto vida pública? Poderia esclarecer este ponto?
Rafael Falcón
Rafael Falcón Se você estivesse vendendo sapatos defeituosos, isso não seria uma questão de perfeccionismo, e sim de propaganda enganosa. Com cursos é a mesma coisa. Se não estudou o assunto ou não está qualificado para ensiná-lo, seu produto é falso. Isso não tem nada a ver com perfeccionismo, mas com honestidade.
Leonardo Bartel
Leonardo Bartel Entendi. Obrigado pela paciência.
RFalcon   

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