Quando coloco um termo em circulação, é sempre no sentido exato que
ele tem na bibliografia científica e filosófica. Mas logo vem atrás uma
multidão de chupins e macaqueadores que o deformam semanticamente, que o
reduzem a chavão e instrumento dócil para seus fins particulares,
medíocrizantes na melhor das hipóteses, mas em geral francamente
capciosos e oportunistas, quando não criminosos. O que fazem com o "ad
hominem" no Brasil de hoje é algo como usar de papel higiênico páginas
da "Divina Comédia". "Psicopata" tornou-se um carimbo infamante
aplicável a qualquer cidadão normal que desagrade ao distinto redator.
"Paralaxe cognitiva" virou xingamento. "Histeria", então, nem se fala. A
dona gritou quando estava sendo estuprada? Histeria! O sujeito é
xingado e revida? Histeria! Você perde a paciência com um pentelho
obsessivo e o manda tomar no cu? Histeria!
Já não me sinto como um
cidadão ingênuo que atirou pérolas aos porcos porque não sabia que eram
porcos. Sinto-me como um idiota completo que distribuiu punhais entre
orangotangos, pensando que eram seres humanos.
Em circulação maior no Brasil de hoje só há dois tipos de idéias: as
do Olavo de Carvalho e as dos seus macaqueadores positivos ou negativos.
Quem não percebeu isso ainda está dormindo ou é incapaz de distinguir
entre um bicho vivo e um empalhado.
O de C
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