segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Quantas vezes vocês já não ouviram alguém me designar como "o filósofo boca-suja"? É com certeza a única parte do meu ensinamento filosófico que se impregnou na mente do desgraçado.
Quando uso um palavrão, é invariavelmente como complemento enfático de alguma explicação que acaba de ser dada ou que já foi dada mil vezes. O mentecapto não apreende a explicação, guarda na memória só o palavrão e conclui: "Ele não argumenta.Só xinga."
José Bonifácio de Andrada e Silva dizia muito mais palavrões do que eu, e os usava com intuito francamente agressivo, sem sombra de humorismo. O homem criou um país, e é só porque ninguém conhece NADA da biografia dele que ele não entrou para a história do Brasil como um simples "político boca suja".
A estupidez dessas criaturas chega a me fazer duvidar de que pertençam à espécie humana.

Juntando à estupidez a malícia criminosa, algune desses sujeitos chegaram a fazer do falso testemunho um gênero literário, o único que praticam e ao qual consagram uma devoção admirável.
Esse gênero consiste em revirar fragmentos da minha vida, ou da vida de meus parentes, dando um sentido criminoso e abominável a cada detalhe, por mais deslocado e irrisório que seja.
Exemplo. Meu filho Davi trabalhou muitos anos como decorador de templos religiosos. Os temas dos seus trabalhos de marchetaria refletiam, é claro, as preferências religiosas dos clientes, não as dele. Daí que ele criasse obras com temas cristãos, budistas, muçulmanos ou quaisquer outros.
Aí vem o espertalhão e vê nisso a prova de que não só o Davi é um gnóstico, mas eu também o sou. E ainda nos dá lições de moral, intimando-os a abandonar a heresia e "voltar à Santa Madre Igreja"...


O anti-olavismo militante é o mais grotesco, mórbido e repugnante fenômeno de teratologia intelectual que já se observou em qualquer época ou nação.
Pelas dimensões que alcançou, ele é o mais importante documento da decomposição mental brasileira nesta fase da vida nacional.
Ignorá-lo é deformar gravemente a história deste período.

Sinais dessa tendência incoercível à estupidez, numa escala infinitamente mais modesta, já apareciam em outras épocas da história nacional.
Décadas atrás o Lima Barreto (o cineasta de "O Cangaceiro", não o escritor) foi entrevistado na TV e a coisa mais inteiigente que lhe perguntaram foi:
-- Por que você usa barba?
Ele respondeu:
-- Eu não a "uso" para nada. Eu apenas a tenho.



O de C

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