segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Só me comunico com meus alunos nas aulas de sábado, e com os meus leitores no Facebook. Não tenho contatos secretos, não tenho uma linha de comando, não tenho assessores espalhados por toda parte para transmitir palavras-de-ordem, não tenho NENHUM mecanismo montado para desencadear e controlar as ações de quem quer que seja.
De onde vem àquelas gentis criaturas, então, a impressão do “poder olaviano” secreto, sorrateiro, conspiratório e onipresente por trás de toda a hostilidade que elas mesmas atraem com sua conduta abjeta e criminosa?
Sim, o poder olaviano existe. É o poder da palavra clara e exata, que, dita no momento certo, ecoa no coração das massas e, por mil canais que não controlo nem conheço, se transfigura em “vox populi”.
Essa palavra não sussurra instruções secretas aos ouvidos de ninguém, não dá ordens de qualquer tipo que seja, não instila, na calada da noite, sugestões criminosas nas almas de “fanáticos idólatras”, atados à autoridade do guru por uma hierarquia de comando e sanções disciplinares, para que ataquem e destruam reputações aliás duvidosas.
Essa palavra cumpre apenas a função do escritor: ela dá voz a quem não tem, ela ensina as pessoas a expressar-se e libertar-se, ela forja a linguagem na qual todo um povo consiga dizer o que estava calado na sua garganta. Como bem afirmou a meu respeito Herberto Sales, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, “há no seu pensamento como o sopro de uma epopéia da palavra, a palavra destemidamente lúcida e generosamente insurgente, rebelde e justa, brava e exata.”
Essa é a diferença que me separa dos intrigantes e, malgrado a imensa diferença de meios materiais entre quem tem apenas uma página do Facebook e os desfrutadores maiores da mídia e das cátedras, os atemoriza e os joga nos mais dolorosos transes da raiva impotente.
Essa diferença é imensurável e irremovível: Eu sou um ESCRITOR, eles são apenas uns pobres rabiscadores de chavões, repetidores de clichês subginasianos.
Ante a sua patética impotência literária, o poder de um escritor deve parecer mesmo coisa tão misteriosa e inexplicável que requeira, para acalmar as suas alminhas trêmulas, toda uma teoria da conspiração.


O de C

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