Só me comunico com meus alunos nas aulas de sábado, e com os meus
leitores no Facebook. Não tenho contatos secretos, não tenho uma linha
de comando, não tenho assessores
espalhados por toda parte para transmitir palavras-de-ordem, não tenho
NENHUM mecanismo montado para desencadear e controlar as ações de quem
quer que seja.
De onde vem àquelas gentis criaturas, então, a
impressão do “poder olaviano” secreto, sorrateiro, conspiratório e
onipresente por trás de toda a hostilidade que elas mesmas atraem com
sua conduta abjeta e criminosa?
Sim, o poder olaviano existe. É o
poder da palavra clara e exata, que, dita no momento certo, ecoa no
coração das massas e, por mil canais que não controlo nem conheço, se
transfigura em “vox populi”.
Essa palavra não sussurra instruções
secretas aos ouvidos de ninguém, não dá ordens de qualquer tipo que
seja, não instila, na calada da noite, sugestões criminosas nas almas de
“fanáticos idólatras”, atados à autoridade do guru por uma hierarquia
de comando e sanções disciplinares, para que ataquem e destruam
reputações aliás duvidosas.
Essa palavra cumpre apenas a função do
escritor: ela dá voz a quem não tem, ela ensina as pessoas a
expressar-se e libertar-se, ela forja a linguagem na qual todo um povo
consiga dizer o que estava calado na sua garganta. Como bem afirmou a
meu respeito Herberto Sales, um dos maiores escritores brasileiros de
todos os tempos, “há no seu pensamento como o sopro de uma epopéia da
palavra, a palavra destemidamente lúcida e generosamente insurgente,
rebelde e justa, brava e exata.”
Essa é a diferença que me separa
dos intrigantes e, malgrado a imensa diferença de meios materiais entre
quem tem apenas uma página do Facebook e os desfrutadores maiores da
mídia e das cátedras, os atemoriza e os joga nos mais dolorosos transes
da raiva impotente.
Essa diferença é imensurável e irremovível: Eu
sou um ESCRITOR, eles são apenas uns pobres rabiscadores de chavões,
repetidores de clichês subginasianos.
Ante a sua patética
impotência literária, o poder de um escritor deve parecer mesmo coisa
tão misteriosa e inexplicável que requeira, para acalmar as suas
alminhas trêmulas, toda uma teoria da conspiração.
O de C
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