Meus livros são cada vez mais lidos, vinte, vinte e tantos anos
depois de publicados. Quem ainda se interessa em ler o que algum
anti-olavette assanhado escreveu vinte anos atrás?
De toda esta
fase da vida nacional, dos anos 90 até agora, sobrará para a posteridade
uma única obra: a minha. Não digo isso com orgulho, mas com tristeza.
Sou o único sobrevivente de uma era remota em que o Brasil era
inteligente. O último representante vivo de uma espécie extinta.
Herberto Sales, Jorge Amado, Josué Montello, Romano Galeffi, Paulo
Mercadante, Antonio Olinto, Roberto Campos, Paulo Francis, Vamireh
Chacon, Edson Nery da Fonseca, Carlos Heitor Cony,Miguel Reale
consideravam-me um dos seus, um confrade, um membro do seu grêmio. Eis
por que não sou e não posso ser um membro atual confraria escrevente.
Ela tem toda a razão de me rejeitar. Se me aceitasse seria um acinte.
Meus interlocutores morreram todos ou já estão fora de combate, por
idade avançada. A comunidade dos que hoje escrevem, descontados os
principiantes imaturos, compõe-se de micos, orangotangos e postes. (Exceção inexplicável: o Rodrigo Gurgel.)
Todo poste acha que a luz vem dele.
O de C
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