quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Meus livros são cada vez mais lidos, vinte, vinte e tantos anos depois de publicados. Quem ainda se interessa em ler o que algum anti-olavette assanhado escreveu vinte anos atrás?
De toda esta fase da vida nacional, dos anos 90 até agora, sobrará para a posteridade uma única obra: a minha. Não digo isso com orgulho, mas com tristeza. Sou o único sobrevivente de uma era remota em que o Brasil era inteligente. O último representante vivo de uma espécie extinta.

Herberto Sales, Jorge Amado, Josué Montello, Romano Galeffi, Paulo Mercadante, Antonio Olinto, Roberto Campos, Paulo Francis, Vamireh Chacon, Edson Nery da Fonseca, Carlos Heitor Cony,Miguel Reale consideravam-me um dos seus, um confrade, um membro do seu grêmio. Eis por que não sou e não posso ser um membro atual confraria escrevente. Ela tem toda a razão de me rejeitar. Se me aceitasse seria um acinte.

Meus interlocutores morreram todos ou já estão fora de combate, por idade avançada. A comunidade dos que hoje escrevem, descontados os principiantes imaturos, compõe-se de micos, orangotangos e postes. (Exceção inexplicável: o Rodrigo Gurgel.)

Todo poste acha que a luz vem dele.


O de C

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